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Principais Medicamentos para Tratamento das Dores

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Dor

Publicado: 17 de junho de 2025

Medicamentos para Tratamento das Dores, dos mais variados tipos, são diversos, especialmente quando são agudas e crônicas. Por isso, é fundamental conhecermos a classificação e o processo de percepção da dor de cada paciente para conseguirmos direcionar as indicações, principalmente, para agentes transdérmicos, anticonvulsivantes, antidepressivos, anti-inflamatórios, canabinoides, opioides, relaxantes musculares, terapias de infusão ou toxina botulínica.

Medicamentos para Tratamento de Dor

Conforme mencionado, para sabermos qual medicamento para tratamento de dor devemos prescrever, precisamos ter ciência sobre a classificação das dores, que podem ser:

  • Neuropáticas: quando as vias de sinalização de dor, sensibilidade, temperatura e demais sensações corporais estão doentes, o que acaba enviando sinais excessivos ou que não existem de dor;
  • Nociceptivas: caracterizadas por alguma substância ou algo estimulando os nociceptores, indicando sinais de perigo ao cérebro e fazendo com que tenhamos a sensação de dor;
  • Mistas: apresentam componentes nociceptivo (inflamatório, traumático) e neuropático (neurônio doente).

Além da classificação, é importante observarmos o processo da percepção de dor, provocando um estímulo, em que o neurônio leva um sinal de dor para a medula e o cérebro, passando pelo tálamo e as regiões de percepção de dor, do estímulo de perigo, e a região de emoções.

Isso porque a dor só existe com os componentes da percepção de dor (sinal de perigo) e emocional, servindo como um elemento de aprendizado ou para amplificar ou diminuir a sensação de dor. A partir desses entendimentos podemos atuar na dor do ponto de vista nociceptivo ou do centro de percepção da dor propriamente.

Antidepressivos para Tratamento das Dores

Os antidepressivos são um dos principais medicamentos para tratamento das dores, funcionando mesmo em quem não tem depressão, devido às suas funções central e periférica.

Duloxetina

Um dos antidepressivos mais utilizados para tratamento de dor é a duloxetina, com processo de ativação na rede inibitório de dor descendente (do córtex para medula, inibindo a percepção de dor).

Além disso, é um potente medicamento para casos de ansiedade, provando sua versatilidade para indicações diante de quadros de dor neuropática, relacionada à artrose, fibromialgia, lombalgia, entre outros tipos.

Tricíclicos

Entre os antidepressivos, os mais estudados e utilizados são os tricíclicos, e nos casos de tratamento de dor, destaca-se a amitriptilina, que é eficaz em dor nociceptiva, neuropática, central, em diversas regiões do corpo, prevenindo e reduzindo a sua percepção.

Apesar de apresentar uma potência de prevenção positiva, tem efeitos colaterais importantes, como aumento do apetite (especialmente, por carboidratos e doces), boca seca, ganho de peso, constipação e alteração na visão e transpiração.

Mas alguns médicos especialistas em Neurologia também podem optar pela nortriptilina, que tem a mesma potência da amitriptilina, mas com menos efeitos colaterais, sendo ideal para quem apresenta quadros de dor menores.

Enquanto isso, outros pacientes podem beneficiar-se da imipramina, como os que apresentam ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) ou algum tipo de comprometimento do controle da bexiga.

Venlafaxina

Com efeito dual, apresenta potência inferior para tratamento da dor em relação à duloxetina, mas costuma ser indicada para ansiedade porque não causa tantos movimentos de apertar os dentes (trismo) quanto a outra.

Isso acaba reforçando a necessidade do médico especialista em Neurologia, com foco em Dor, analisar atentamente o quadro geral do paciente, principalmente porque é comum que tenha em associação ansiedade, depressão, insônia e outras condições.

Canabinoides

Igualmente temos como um dos principais medicamentos para tratamento das dores os canabinoides, originados da cannabis sativa, porque temos esses receptores no corpo. Com isso, sabemos que a molécula de CBD (canabidiol) e THC (tetrahidrocanabinol) tem um local no corpo de atuação e os receptores endocanabinoides podem atuar de diferentes maneiras.

CBD e THC

O CBD com THC têm evidências para controle da dor, especialmente em casos oncológicos, em que contamos com maior número de estudos. Assim como têm efeito ansiolítico, auxiliando no relaxamento de alguns pacientes que ficam contraídos.

Nos casos das dores, os estudos apontam evidências consideráveis quando há característica espástica, alguns tipos de dor neuropática e espasticidades, mas é importante estar ciente de que depende de uma supervisão médica porque não há uma dosagem específica e a maconha ou o seu óleo podem dar efeitos colaterais como psicose e transtornos psiquiátricos, por exemplo.

Medicamentos Anticonvulsivantes

Também podemos citar como principais medicamentos para tratamento das dores os anticonvulsivantes, que são uma opção importante no manejo dessa queixa, em que destacam-se os gabapentinoides (pregabalina e gabapentina).

Ácido Valproico

Pode ser indicado para casos de epilepsia e psiquiátricos com o objetivo de estabilizar o humor, nas pessoas com epilepsia e enxaquecas (atuando, neste caso, como um efeito protetor).

No entanto, é preciso que o paciente saiba que entre os efeitos colaterais estão espinhas, ganho de peso, malformação fetal e queda de cabelo, o que tende a contribuir para uma limitação do seu uso, principalmente entre as mulheres.

Carbamazepina e Oxcarbazepina

São exclusivamente destinadas à neuralgia do trigêmeo, especialmente a carbamazepina, mas contam com sonolência e tontura como efeitos colaterais, o que nos alerta sobre a necessidade de serem prescritos em casos realmente justificáveis.

Pregabalina e Gabapentina

Caracterizadas por atuarem no controle das dores neuropáticas de um modo geral e das musculares, porque funcionam como relaxantes musculares e em casos de dores com componente muscular. Do mesmo modo que auxiliam no controle da ansiedade e melhoram o sono.

Diante disso, têm indicação para dores crônicas e neuropáticas, e fibromialgia e determinados tipos de dor de cabeça associada, especialmente com componente muscular preponderante.

Topiramato

O topiramato é outro anticonvulsivante, mas destinado exclusivamente às enxaquecas, com características pulsantes e com aura, acompanhadas de fonofobia, fotofobia, incômodo com cheiro e náusea.

Porém, apresenta como efeitos colaterais que merecem atenção os problemas de cognição e memória, então, é válido prescrever em dosagens baixas, como as de 25 mg e 50 mg.

Do mesmo modo que o paciente pode apresentar cálculos renais, formigamentos (principalmente, na fase de introdução do medicamento), às vezes, alterações nos aspectos emocional e comportamental, e redução de apetite (comum em quem costuma comer à noite).

Medicamentos Anti-Inflamatórios

Os anti-inflamatórios são os principais medicamentos para tratamento das dores, sendo eficazes em combater a inflamação, que é a causa mais típica da dor experienciada pelo corpo humano.

Anti-Inflamatórios não Esteroides (AINES)

Os AINES são comumente utilizados, destacando-se o ibuprofeno, que possui boa tolerância, especialmente em doses baixas, e pode ser da classe dos não seletivos (inibe a COX-1 e COX-2, como diclofenaco, nimesulida, Naproxeno, Profenid e ibuprofeno para reduzir dores nociceptiva, ortopédica, reumática e traumática por inflamação) e seletivos (inibe a COX-2, como Arcoxia, Celebra e celecoxibe, protegendo o estômago e diminuindo os principais riscos do uso de anti-inflamatório).

Os não seletivos igualmente são eficazes para alívio de dores agudas, mas é importante saber que apresentam como principais efeitos colaterais a gastrite, acidez do estômago e lesão renal, com fortes indícios de sangramento porque afetam a agregação plaquetária.

Já os inibidores seletivos da COX-2 são indicados para dores de moderada a grave, desde que utilizados de forma seletiva, às vezes, em conjunto com AAS (ácido acetilsalicílico, popularmente conhecido como aspirina) em baixa dose para diminuir o risco de algum efeito trombótico devido ao medicamento.

Dipirona

Embora não tenha efeito tão potente sobre as COX-1 e COX-2, a dipirona é outro anti-inflamatório capaz de modular as citocinas inflamatórias do corpo, a percepção de dor e resposta inflamatória global, e ter efeito antipirético.

No Brasil, é conhecida por ser um medicamento seguro para tratamento das dores e pelo efeito analgésico, especialmente em doses maiores (1 g a cada 6h), inclusive para uso hospitalar.

Entretanto, tem risco de afetar a produção sanguínea em determinados perfis de pacientes, principalmente em doses elevadas, comprometendo a série branca dos leucócitos no sangue.

Além disso, é válido estar ciente de que o ideal é ser evitada por pessoas com tendência a alergia e pode dar sensação de queda de pressão em outras, como consta na bula.

Esteroides

Os anti-inflamatórios esteroidais foram os primeiros a serem descobertos e utilizados, tendo relação com os hormônios do corpo e podendo ser encontrados em forma de cremes, oral, venosa e formulações de corticoides. (corticosteroides).

Estes são um tipo de esteroide como dexametasona, Metilprednisolona, prednisona e prednisolona, por exemplo, mas a dosagem, quantidade e apresentação dependem de cada patologia.

O corticoide costuma ser indicado a longo prazo, com efeitos colaterais de ganho de peso, edema, estrias, catarata, osteoporose, comprometimento psíquico, distúrbio do sono, problemas gástricos com possibilidade de sangramento, entre outros.

Mas quando é por um período específico, entre três e cinco dias, apresenta uma atuação semelhante à de um anti-inflamatório potente, porém, com alguns benefícios a mais.

Paracetamol

Igualmente conhecido como acetaminofeno, o paracetamol é um dos anti-inflamatórios mais comuns, mesmo que não tenha um efeito periférico tão potente (acaba tendo um efeito no sistema nervoso central, modulando a resposta inflamatória indiretamente).

Sendo assim, atua reduzindo a febre (ação antitérmica), o processo inflamatório e a dor, embora, de forma indireta, porque não é um inibidor da COX, então, geralmente, acaba sendo considerado fraco em relação às demais opções.

No entanto, é bem tolerado, indicado inclusive para pacientes específicos (bebês, crianças, gestantes e idosos) e com poucos efeitos colaterais, exceto em relação ao risco de lesão hepática, especialmente em doses elevadas.

Relaxantes Musculares para Tratamento das Dores

Existem diversos tipos de relaxantes musculares que são classificados em ações central (atuando no cérebro para que o músculo contraia) e periférica (atuação direta no músculo para que relaxe).

Carisoprodol

O carisoprodol, de potência de leve a moderada, costuma ser encontrado em associação com outros fármacos, como dipirona, vitamina ou um conjunto de anti-inflamatórios.

Esse tipo possui ação periférica, com menos efeitos colaterais de sonolência quando comparado com a ciclobenzaprina e com resposta variável de acordo com o paciente, sendo mais potente para alguns e nem tanto para outros em relação aos demais relaxantes musculares.

Ciclobenzaprina

A ciclobenzaprina é uma opção conhecida, com potência moderada, de ação central que costuma ser prescrita para diversos tipos de dor e para uso no final do dia devido ao efeito colateral comum, a sonolência, mas igualmente pode dar boca seca e tontura. É um potente relaxante muscular que pode ser encontrado em forma de 5 mg, 10 mg, liberação imediata ou 15 mg de liberação lenta.

Orfenadrina

Também de ação periférica, a orfenadrina tem potência de leve a moderada, é comumente utilizada no País, em associação com dipirona, apresentando efeito de analgesia nociceptiva, relaxando a musculatura e controlando a dor.

Tizanidina e Baclofeno

São relaxantes musculares de alta potência, devendo ser indicados para dores musculares específicas, como em casos de espasticidade pós-lesão cerebral, crises de contração musculares intensas, desde que a pessoa esteja ciente dos efeitos colaterais, que envolvem confusão mental, sonolência e incapacidade de dirigir e operar máquinas.

Terapêuticas de Infusões

Essas terapêuticas também enquadram-se no tratamento das dores crônicas, em que a pessoa acaba internada para beneficiar-se periodicamente das infusões por ser eficaz em controlar a dor.

Cetamina

Igualmente conhecida como quetamina, é utilizada como um fármaco com finalidade anestésica, para realização de procedimentos cirúrgicos, medicamentos antidepressivos e determinados tipos de dor refratária, crônica, com característica aguda.

E precisa ser feita em um ambiente supervisionado porque a pessoa pode apresentar alterações emocionais, alucinações e pico de pressão alta de forma passageira, ou seja, durante a infusão de cetamina.

Lidocaína

Existe a opção de lidocaína venosa, normalmente para controle de arritmia ventricular grave, promovendo o retorno do ritmo do coração. Do mesmo modo que pode ser a versão que é aplicada de forma cutânea ou injetada para atuação anestésica local, o que permite um bloqueio simpático, de nociceptores potentes, controlando a dor.

Desta forma, tende a ser indicada pelo médico especialista em Neurologia para dores refratárias graves, em que a pessoa encontra-se em ambiente hospitalar, devendo ser utilizada por um período específico, conforme outros meios de controle da dor vão sendo colocados em associação.

Toxina Botulínica

Bruxismo

Popularmente conhecida como Botox, a toxina botulínica é uma opção de tratamento da dor do bruxismo, em que a pessoa fica contraindo ou rangendo os dentes o tempo todo, principalmente durante o sono, embora seja possível observar esse tipo de comportamento involuntário enquanto está acordada.

Distonia e Espasticidade

A toxina botulínica é indicada para tratamento das dores de distonia, ou seja, em que há contração, também atuando no relaxamento da musculatura e em alguns casos de espasticidade, especialmente devido ao mau posicionamento da perna, do braço ou pescoço.

Dor Neuropática

Igualmente pode ser uma opção de aplicação superficial para quem teve herpes, provocando a interrupção do envio de sinal errado de dor ao cérebro.

Enxaqueca

No caso da enxaqueca crônica, deve ser aplicada no protocolo PREEMPT (testa, lateral, nuca, pescoço e ombro), sendo indicada para prevenção do envio de dor e relaxamento dos músculos.

Tratamento das Dores com Opioides

Os opioides, medicamentos analgésicos utilizados há anos, são sintetizados e indicados para o manuseio e controle da dor de várias maneiras, em que as principais opções costumam ser a codeína e o tramadol, devido ao baixo poder de dependência ou vício.

Mas também contam com efeitos colaterais, em que o paciente pode esperar alteração de pupila, boca seca, confusão mental (principalmente em idosos, por causa da polifarmácia ou dos medicamentos neurológicos utilizados), constipação e sintomas anticolinérgicos na função corpórea.

Buprenorfina

De nível intermediário, a buprenorfina é encontrada em forma de adesivo, com duração de sete dias, que não precisa ser posicionada em cima da dor, uma vez que o medicamento chega na corrente sanguínea, sendo distribuído pelo corpo.

Além dos efeitos colaterais típicos dos opioides, o paciente pode observar sonolência, prurido e alergia, devendo atentar-se à dose, analisando com o médico de sua confiança sobre a possibilidade de redução para que não seja desenvolvida uma alergia ao adesivo.

Codeína

É o principal opioide utilizado, tanto isoladamente (30 mg) quanto em associação (normalmente, com paracetamol), especialmente porque não apresenta muitos efeitos colaterais, tem boa analgesia com possibilidade de potencializar ao complementar com algum analgésico, sendo uma opção para dores de leves a moderadas.

Fentanil

O fentanil é um opioide sintético de altíssima potência e com apresentação EV, sendo utilizado em anestesias, sedação na UTI e procedimentos cirúrgicos, ou na forma de adesivo para controle das dores crônicas de alta potência.

Morfina

A morfina é considerada um opioide de alta potência e pode ser usada por via oral ou injetável. Também existem a oxicodona, que é transformada em morfina no corpo, e metadona, uma opção mais ativa da morfina.

Por isso, apresentam um risco de abuso e dependência maior, devendo ser prescritas com receita especial amarela e ter o acompanhamento de um médico especialista em Dor.

Tramadol

O tramadol também é um opioide comumente receitado, podendo ser encontrado em formas isolada, de comprimido e injetável. Esse medicamento é caracterizado pelo efeito multimodal, atuando igualmente nos receptores opioides, inibindo a dor, normalmente, a nociceptiva, e tem ação central, modulando a dor em nível cerebral.

Tratamento de Dor com Agentes Transdérmicos

Os agentes transdérmicos igualmente são uma opção de tratamento para dores, podendo ser os de anti-inflamatórios, em que orientamos que sejam posicionados em cima do local da dor.

Capsaicina

A capsaicina, princípio ativo da pimenta, é caracterizada por ativar os receptores vanilóides da pele, inibindo o sinal da dor neuropática, porque acaba gerando uma confusão de sinal, reduzindo a sensação dolorosa, mas é válido saber que tem como efeitos colaterais irritação e vermelhidão.

Lidocaína Tópica

Em forma de gel anestésico, costumamos indicar para a pessoa passar na pele diante de dores superficiais, neuropáticas e para inflamações. Entretanto, existe a possibilidade de ser utilizada na sua forma pura, em associação com um medicamento de efeito anestésico, como a amitriptilina, por exemplo, sendo ideal para dores neuropáticas.

Diante das características que precisam ser observadas nos quadros apresentados pelos pacientes e da lista de Principais Medicamentos para Tratamento das Dores, se suspeita ou tem dor crônica, não hesite em agendar uma consulta para que possamos buscar a melhor opção para você, visando o seu bem-estar e sua qualidade de vida.

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