EMT ou Estimulação Magnética Transcraniana trata-se de uma terapêutica consolidada, aprovada pelo FDA há mais de 20 anos, que costuma ter um alto índice de indicações, principalmente porque o seu uso vem sendo modernizado desde então.
Primeiramente, o cérebro é um processador biológico que funciona com impulsos eletromagnéticos e possui compartimentos, ou seja, conta com áreas específicas para cada função.
Por exemplo, a região lobo temporal está relacionada à audição, enquanto o lobo parietal, à sensibilidade. Existem as áreas motora, relacionadas à dor, visão, aos comportamentos, entre outras especificidades.
E devido ao fato de funcionar com eletricidade, o cérebro biológico pode ser influenciado por campos magnéticos, que são capazes de causar uma excitação ou inibição dos neurônios, a depender do que desejamos fazer.
Se passamos uma bobina (figura de ‘8’, em que o centro produz um campo magnético que ganha um formato semelhante a um cone), torna a região bem específica em que vamos incitar ou inibir.
Em casos de pessoas com depressão, uma das áreas em que atuamos é o dorso frontal-temporal esquerdo; diante da ansiedade, é do lado direito. Para pacientes com dor, trabalhamos na área pré-motora ou C3. Mas em tratando-se de alucinação auditiva, focamos nas áreas de sensibilidade e processamento e aditiva, possibilitando a sua inibição.
Uma das novidades da EMT é que pode ser indicada para pacientes com depressão refratária pelo médico especialista em Neurologia, devendo ser realizada em paralelo com os medicamentos, tendo a chance de melhora do quadro em cerca de 45%.
Ou seja, essa é uma opção para quem usa dois ou mais antidepressivos por ao menos oito semanas cada um e em doses corretas, em que foram subindo ao longo do tratamento até a dosagem máxima, mas sem apresentar resposta satisfatória.
Nesses casos, a recomendação costuma ser uma sessão por dia, durante cinco dias na semana até completar as 30 sessões, logo, são necessárias seis semanas seguidas de tratamento, em que estimulamos a parte esquerda e inibimos o lado direito dentro de 1h, aproximadamente, aumentando as chances de sucesso da abordagem.
Mas como a realidade de algumas pessoas pode não se enquadrar nessa demanda para concluir as etapas necessárias do tratamento, existe a técnica SAINT, em que condensamos as estimulações a serem feitas em um período de uma ou duas semanas.
Ao optar por esse protocolo, em um período de uma semana, o paciente precisa fazer 10 sessões por dia, de forma theta-burst, em que condensa a estimulação, ficando um tempo reduzido. Outra opção envolve cinco sessões por dia por 10 dias seguidos até completar o tratamento.
Sendo assim, a sessão dura 10 minutos, com intervalo de 50 minutos sem estimulação, retornando na próxima hora com o mesmo processo. Então, a pessoa faz as 10 sessões em um dia por cinco dias seguidos, equivalente aos estímulos de seis semanas de um tratamento de depressão com estimulação magnética transcraniana tradicional.
Para realizar a sessão de estimulação magnética transcraniana, o paciente realiza a medição da toquinha para que possamos encontrar o limiar motor ou hot spot (ao receber o estímulo no cérebro, a mão mexe, permitindo encontrar o nível de estímulo magnético necessário para estimular as demais regiões do cérebro, não somente alcançar o movimento físico involuntário).
Na versão completa, ele permanece 9h na clínica para fazer as 10 sessões de estímulos, sendo que na última hora não precisa ficar mais 50 minutos, enquanto isso, lhe é oferecido, em associação à terapêutica, a realização de Fisioterapia, sessão de relaxamento, acupuntura e avaliações psicométricas para avaliar tanto antes quanto depois do tratamento da EMT.
Logo, seja na forma de 9h por dia, em cinco dias, ou de 4h por dia ao longo de 10 dias, temos o protocolo SAINT, uma novidade de tratamento para depressão refratária.
Uma das perguntas comuns sobre a estimulação magnética transcraniana é em relação ao uso de medicamentos e como explicado, é necessário tomar antidepressivo e, em associação, fazer a EMT para auxiliar na recuperação e no bem-estar do paciente.
Sobre as contraindicações, somente em caso de a pessoa estar com epilepsia descontrolada, porque o cérebro já está com produção de atividade elétrica anormal ou pedaços de metal, o que tende a acontecer caso tenha passado por uma neurocirurgia e tenha parafusos, pinos, molas, grampos ferromagnéticos capazes de se movimentarem pelo campo magnético.
O benefício da EMT é que praticamente não tem efeitos colaterais, mas, às vezes, é possível observar dor de cabeça passageira, porque o campo magnético, ao passar pelas estruturas musculares, provoca a contração, ou mesmo pela forma como a bobina está posicionada.
Ou seja, geralmente, ao avisar ao profissional responsável pela realização da técnica que está com dor, é possível corrigir a posição dos eletrodos para ter a correta estimulação sem esse tipo de sensação.
Mas vale ressaltar que o tratamento de EMT não tem indicação para todos os tipos de depressão, porque existem alguns com características diferentes que se beneficiam de novas técnicas. No caso da depressão ruminante (repetição de pensamento), por exemplo, precisa ser o protocolo clássico, pegando o lado esquerdo, a área pré-frontal e as partes opercular e frontal do cérebro.
Outra novidade sobre a EMT está relacionada ao TOC grave, em que pode ser posicionada em áreas específicas do cérebro, com evidências comprovadas a partir de 2020, especialmente porque nem todos os pacientes se beneficiam com os medicamentos, que são, basicamente, clomipramina e fluvoxamina. Essa opção para tratamento do TOC tem que ser de forma tradicional, com uma sessão por dia, vários dias na semana.
Com base em estudos recentes, se promovemos uma estimulação excitatória na área precuneus do cérebro, de forma intensa, uma vez por dia ao longo de duas semanas, com uma manutenção de duas vezes, passando para uma vez por semana, durante três meses, conseguimos retardar a evolução da Doença de Alzheimer em seis meses ou manter no nível em que está.
Essa novidade não tem praticamente contraindicação nem efeito colateral, com possibilidade de poder ser aplicada em pacientes com DA porque a técnica está disponível imediatamente.
Outras novidades sobre a EMT envolvem a sua indicação para dor, com técnica clássica para estimular o lado esquerdo do cérebro, na região C3 ou também posicionar no F3, na região central, de Cz, excitando por cinco dias seguidos para promover alívio do sintoma.
Mas o ponto principal observado é que há benefício maior na área motora, com estudo apontando a necessidade de haver uma fidedignidade do ponto de estímulo, porque se sair da área C3 para uma de sensibilidade, acaba provocando efeito contrário, aumentando a percepção de dor no paciente.
Essa é uma novidade sobre EMT importante porque até então não acreditavam na sua eficácia diante deste tipo de queixa ao ser aplicada na área motora, com possibilidade de a pessoa acabar se mexendo, o que influencia negativamente nos resultados do tratamento.
Agora, é possível estimular o alvo número 01 e dar um intervalo de tempo para fazer no número 02, permitindo uma dupla estimulação dos alvos de dor, especialmente diante de dores crônicas, como as neuropáticas ou nociceptivas. Assim como igualmente a estimulação magnética transcraniana pode ser indicada para tratamento de cefaleia e enxaqueca crônicas.
Portanto, é uma recomendação possível para pacientes que não apresentam respostas aos tratamentos tradicionais, como os que envolvem agulhamento, bloqueio de nervos, Fisioterapia, medicamentos, procedimentos de dor, toxina botulínica, entre outras técnicas convencionais.
Essa é uma novidade sobre a EMT que conta com aprovação pelo FDA consolidada, em que pode ser indicada para pacientes com Parkinson, desde que tenham um perfil da forma acinética (a pessoa fica mais rígida, lenta, com dificuldade para executar os movimentos).
Nesses casos, a sua eficácia é observada quando a estimulação magnética transcraniana é realizada na área motora, bilateralmente (de um lado e do outro), deixando a rede neuronal mais maleável, uma vez que está ficando limitada, com pouca plasticidade neural.
Além disso, é importante que logo após terminar a EMT ou durante os seus ciclos sejam realizadas técnicas de Fisioterapia específicas a esse perfil de paciente, promovendo maior taxa de evolução em relação a quem somente trabalha o movimento.
Diante do que conhecemos e das Novidades apontadas, agende uma consulta para que possamos analisar se a EMT tem chances de ser eficaz para o seu Tratamento ou quais são as suas reais chances diante do que temos disponível até então na Medicina.
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Tags:EMT para a Doença de Alzheimer, EMT para Tratamento de Dor, estimulação magnética transcraniana
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