Um novo trabalho publicado por pesquisadores de Portugal, Brasil, Estados Unidos e Alemanha no periódico Science Signaling demonstrou como a vitamina C é um componente importante para a homeostase cerebral.
No sistema nervoso, sua ação se dá principalmente sobre a micróglia, células residentes no tecido cerebral que atuam como um “sistema imunológico” dessa região e, além de responder a patógenos, apresentam diversas funções no desenvolvimento, manutenção e funcionamento do sistema nervoso.
Funções de refinamento sináptico, como aprendizado, memória e fatores comportamentais, como ansiedade e depressão, também já foram relacionadas a essas células. No artigo dessa semana, vamos compreender melhor como a vitamina C pode contribuir para o seu bom funcionamento. Acompanhe.
Também conhecida como ácido ascórbico, a vitamina C é hidrossolúvel e atua em nosso organismo como um agente de oxidorredução, neutralizando os radicais livres no nível celular.
O ácido ascórbico também é importante na biossíntese das catecolaminas (norepinefrina, epinefrina e dopamina), é importante na defesa do organismo contra infecções e fundamental na integridade das paredes dos vasos sanguíneos.
O homem, junto com outros primatas, é um dos poucos mamíferos que perdeu a capacidade de fabricar a própria vitamina C, precisando assim, obtê-la a partir da dieta.
A carência da vitamina C em nosso corpo causa o escorbuto, doença caracterizada por hemorragias, alteração das gengivas e queda da resistência às infecções.
Em humanos, a redução dos níveis de ácido ascórbico no cérebro pode levar ao escorbuto neuropsiquiátrico, caracterizado por depressão, mudanças de comportamento, estado anímico, e performance motora.
A forma reduzida da vitamina C, conhecida como ascorbato, não tem a capacidade de entrar livremente nos neurônios. Assim, é depende do sódio para ingressar nas células, por meio de um cotransportador de sódio-vitamina C, conhecido como SVCT2.
Os pesquisadores perceberam que o SVCT2 é fundamental para a homeostase da micróglia, pois mudanças nas concentrações de ascorbato no cérebro estão envolvidas em transtornos neurodegenerativos e de desenvolvimento.
O estudo desvendou um pouco como funciona esse mecanismo, mostrando que a redução das quantidades de SVCT2 na membrana plasmática reduz a captação da vitamina C e gera ativação da micróglia, tanto a humana quanto a de camundongos, favorecendo uma condição pró-inflamatória.
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Já é um fato conhecido pela comunidade científica que as células da micróglia produzem grandes quantidades de radicais livres de oxigênio quando estão ativadas. Contudo, a equipe descobriu que a função do SVCT2 não pode ser substituída por nenhum outro sistema de antioxidantes. Este transportador possui um papel tão importante para essas células, que sua ausência é capaz de ativar as células da micróglia.
A pesquisa mostrou que a ativação da micróglia pode ser evitada por meio do tratamento com vitamina C, ou por sistemas que promovam uma sobre-exposição de SVCT2 ou bloqueio do sistema transportador do ácido ascórbico.
Essas duas últimas possibilidades devem ser tema de futuras pesquisas. Quanto à suplementação com vitamina C, é um bom recurso para evitar que a desregulação do transporte de ascorbato seja um fator de risco para distúrbios neurológicos, mas é sempre válido lembrar a importância de conversar com o seu médico antes de ingerir altas doses diárias de qualquer vitamina.
Transtornos Neurodegenerativos
A doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica e progressiva, resultante da degeneração das células responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor que controla os movimentos, entre outras funções. Seus sintomas costumam afetar o movimento, e o diagnóstico é feito com base no histórico do paciente, avaliação dos sintomas e alguns exames. O tratamento deve ser individualizado, e comumente exige uma abordagem interdisciplinar.
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