A salivação excessiva é uma condição comum em bebês, que desaparece por volta dos 15 a 36 meses, quando se estabelece a continência salivar. Se permanecer após os 4 anos, é considerada anormal, e denominada sialorreia.
O aumento da produção de saliva pode ter causa idiopática, ou seja, surgido espontaneamente ou de causa desconhecida, ou então ser induzido por fármacos. Na maioria dos casos, a sialorreia é descrita como sintoma de outras condições patológicas com impacto nas glândulas salivares e no mecanismo de produção e controle de saliva na cavidade oral.
Em pacientes com determinados problemas neurológicos, como a paralisia cerebral (PC), doença de Parkinson (DP), e esclerose lateral amiotrófica (ELA), a salivação excessiva é um distúrbio comum. A toxina botulínica tornou-se uma grande aliada no tratamento desses pacientes, por ser um procedimento pouco invasivo e com discretos efeitos colaterais.
A ação sistêmica da toxina botulínica causa paralisia ácida, por interferir na liberação de neurotransmissores em neurônios. No entanto, quando aplicada localmente, a sua toxicidade é limitada à área exposta e não se espalha para o neurônio central.
Mesmo com suas inúmeras indicações terapêuticas, a toxina botulínica só foi proposta recentemente como uma opção no controle da sialorreia. Esta neurotoxina potente, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, ajuda a reduzir a produção de saliva, pois atua nas junções neurosecretoras das glândulas salivares inibindo a liberação da acetilcolina, o neurotransmissor que estimula a secreção da saliva.
As glândulas salivares são controladas pelo Sistema Nervoso Autônomo (SNA), através dos sistemas simpático e parassimpático. Sugere-se que a toxina botulínica, por bloquear os neurotransmissores colinérgicos no SNA, nos níveis efetor e ganglionar, possibilita o tratamento de patologias onde o SNA está envolvido, porém não apresentando nenhuma ação sobre o sistema nervoso central.
A escolha dos locais de aplicação pode ser feita através das características anatômicas da região, com a palpação para localizar as glândulas. A toxina também pode ser injetada sob técnica guiada por ultrassonografia nas glândulas salivares, com a visão direta da agulha através de controle ultrassonográfico, que aumenta a precisão do método.
A ação terapêutica máxima da aplicação de toxina botulínica é observada entre o 7º e 14º dia e a duração dos efeitos é de 3 a 4 meses, podendo chegar a 6 meses, já que o efeito de inibição da neurotransmissão causado pela toxina botulínica é reversível. O tempo de duração dos efeitos vem sendo investigado em diversos estudos, mas este mecanismo ainda não está totalmente esclarecido.
Muitos autores defendem que o aumento da duração de ação pode ser condicionado pela escolha do local para a injeção e a dose utilizada. Dessa forma, é necessário um perfeito conhecimento de técnicas de aplicação que apresentam maior precisão para otimizar a terapêutica e também para evitar complicações, já que uma aplicação incorreta pode provocar traumas.
A maioria dos pacientes não relatou efeitos adversos. Nos casos em que estes ocorreram, foram eventos transitórios, mais relacionados à alteração na densidade salivar. Raramente são verificados efeitos severos da aplicação recorrentes de toxina botulínica para o tratamento da sialorreia.
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