Uma intervenção inovadora para o tratamento da dor crônica foi apresentada no Encontro Científico Anual de 2017 da American Pain Society (APS).
Trata-se de uma abordagem não farmacológica, chamada de Melhoria da Recuperação Orientada por Mindfulness (em inglês: Mindfulness-Oriented Recovery Enhancement – MORE), que integra os aspectos do mindfulness (atenção plena) com técnicas de psicoterapia.
A farmacoterapia opioide é uma das formas de tratamento para dor crônica que vem sendo utilizada excessivamente por muitos pacientes. Esta é uma situação preocupante, devido aos importantes riscos à saúde física e psicológica relacionados a estes medicamentos.
Embora a terapia com analgésicos opioides para dor crônica seja eficaz em alguns casos, nos pacientes com dor crônica, o vício de opioides envolve a desregulação cognitiva, afetiva e comportamental, que pode resultar em maior comprometimento e sofrimento funcional.
A dor crônica combinada ao uso prolongado de opiáceos também pode levar a um déficit persistente de capacidade hedônica. Nesta condição, o paciente apresenta uma maior sensibilidade a estados aversivos e demonstra insensibilidade a recompensas naturais.
Por este motivo, buscamos conduzir o tratamento da dor crônica utilizando o máximo possível de intervenções comportamentais.
Esta técnica integra os aspectos complementares do treinamento de mindfulness, terapia cognitivo-comportamental (TCC) de terceira geração, e princípios de psicologia positiva.
A atuação do mindfulness está no controle da atenção; a terapia cognitivo-comportamental melhora a flexibilidade psicológica, por meio de técnicas de reavaliação; e a psicologia positiva aumenta o foco no processamento de recompensas.
Estas abordagens buscam especificamente desconstruir respostas emocionais que possam perpetuar e piorar a dor crônica, e utilizam ferramentas de visualização para obter uma melhor perspectiva.
Alguns pacientes com dor crônica experimentam a dor emocionalmente como uma entidade imutável, sobre a qual colocam uma camada de sofrimento, repleta de pensamentos que reforçam o quanto se sentem injustiçados e prejudicados pela dor.
Aprender habilidades como as da técnica MORE ajuda a remover essa camada emocional e decompor a experiência dolorosa em subcomponentes sensoriais, como calor, aperto ou formigamento. Lidar com qualquer uma dessas sensações pode ser mais fácil do que a experiência da dor como um todo.
A técnica de mindfulness, por exemplo, orienta os pacientes a também prestar atenção, ou tentar encontrar os espaços entre essas sensações, quando não existe sensação nenhuma.
Outra intervenção envolve mudar o foco da atenção para gerar uma recompensa emocional a partir de uma recompensa natural, para substituir o alívio relacionado a medicamentos.
Vários estudos recentes demonstraram melhoras significativas na dor crônica com esta intervenção. Os efeitos observados nos pacientes incluem uma reinterpretação de sensações dolorosas e não reatividade a experiências aversivas.
Um destes estudos foi publicado no Journal of Consulting and Clinical Psychology. Participaram da iniciativa, 115 pacientes com dor crônica por uma média de 10 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos: um grupo que recebeu a intervenção MORE e um grupo controle padrão. Após oito semanas, aqueles no grupo MORE mostraram reduções significativas na gravidade da dor.
Uma subanálise publicada na Drug and Alcohol Dependence apontou melhorias no afeto positivo desses pacientes, classificando-as como fator determinante para as reduções no mau uso de opioides.
Estes estudos demostraram os efeitos do MORE na melhora da capacidade de reinterpretar a dor como uma informação sensorial inócua, além da não reatividade a pensamentos e emoções estressantes.
Pode ser tentadora, ao ler sobre o sucesso destas intervenções não farmacológicas, a vontade de abandonar os medicamentos para dor.
No entanto, é importante compreender que, como na maioria dos tratamentos, a descontinuação dos remédios para dor deve ser gradual, conforme as abordagens não farmacológicas vão apresentando resultados.
Se você tem dúvidas sobre a possibilidade de terapias como esta ajudarem no seu tratamento, marque uma consulta conosco. Podemos ajudar-lhe a definir estratégias eficazes para a melhora do seu caso.
A Cefaleia, conhecida popularmente como dor de cabeça, pode ocorrer de modo isolado, quando apresenta um complexo sintomático agudo (como a enxaqueca), ou provida de doenças em desenvolvimento (como infecções). O diagnóstico é baseado na compreensão da fisiopatologia dessas dores de cabeça, na obtenção de um histórico clínico e na realização de um exame físico e neurológico criterioso, para formular um diagnóstico diferencial.
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