Um novo estudo realizado por pesquisadores da Kashan University of Medical Sciences, no Irã, apontou que a ingestão diária de probióticos pode ajudar pacientes em tratamento de Alzheimer.
Os resultados foram publicados no jornal on-line Frontiers in Aging Neuroscience, demonstrando os efeitos da suplementação probiótica sobre a função cognitiva e o estado metabólico na doença de Alzheimer.
Os probióticos são produtos repletos de micro-organismos vivos benéficos à saúde. Eles são capazes de reequilibrar a flora intestinal, também chamada de microbiota: o conjunto de bactérias que habita nosso sistema digestivo e nos ajuda a digerir os alimentos.
Entre os probióticos presentes em derivados do leite, como iogurtes, leites fermentados e queijos, destacam-se os lactobacilos. No entanto, existem outras cepas de micro-organismos que também oferecem benefícios.
Os probióticos são tradicionalmente recomendados para pessoas com condições intestinais, como a síndrome do intestino irritável. Contudo, diversos autores já indicaram uma associação entre mudanças na microbiota e comportamentos cognitivos.
Há indícios de uma via de sinalização bioquímica entre o cérebro e o sistema digestivo, mesmo que o seu mecanismo completo ainda não esteja totalmente compreendido.
Temos ainda, uma pesquisa preliminar relatando que a disbiose intestinal em animais sem microbiota, infecção bacteriana com patógeno entérico e administração de probióticos pode modular comportamentos cognitivos, incluindo aprendizado e memória.
Até o momento sabemos que biomarcadores aumentados de estresse oxidativo, neuroinflamação, resistência à insulina e metabolismo lipídico alterado estão associados a muitas doenças neurodegenerativas do sistema nervoso central, incluindo a doença de Alzheimer. E o aumento destes biomarcadores pode ser influenciado pela flora intestinal e pelos probióticos.
Estudos anteriores também demonstraram que alterações metabólicas, como a resistência à insulina, hiperglicemia e dislipidemia podem estar associadas com a patogênese e o desenvolvimento da doença.
Os cientistas analisaram 52 pessoas de 60 a 95 anos, todas diagnosticadas com Alzheimer. Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro bebeu 200 ml de leite comum todos os dias, durante doze semanas. E o segundo grupo ingeriu a mesma quantidade da bebida, mas enriquecida com probióticos.
Os participantes foram submetidos a coletas de sangue e testes de memória e aprendizado no início e ao final da experiência.
De acordo com os resultados, o grupo que tomou o leite com probióticos obteve melhor resultado nas avaliações cognitivas, demonstrando uma possível melhora no quadro da doença. Os exames de sangue também apontaram uma melhora em triglicérides, colesterol, marcadores inflamatórios e resistência à insulina entre os participantes que beberam o leite com probióticos.
A hipótese dos pesquisadores é que os probióticos ajudam a regular a microbiota intestinal, o que promoveria os benefícios. Nos níveis de mecanismo molecular, a microbiota é conhecida por desempenhar um papel pronunciado na transmissão sináptica.
Alguns estudos já mostraram a capacidade de bactérias na produção de neurotransmissores e neuromoduladores, incluindo norepinefrina, serotonina, dopamina, acetilcolina e o ácido gama-aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor inibitório no SNC. As disfunções na sinalização GABA estão ligadas a ansiedade, depressão e deficiências cognitivas.
Além disso, os receptores de NMDA glutamatérgicos estão envolvidos na neurotransmissão excitatória mais importante do cérebro, os circuitos neurais da aprendizagem e da memória. Os achados de animais sem microbiota indicaram um nível diminuído de fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), importante componente para o crescimento e sobrevivência neuronal.
A partir dessas considerações, pode-se concluir que, pelo menos através da contribuição na síntese de neurotransmissores ou na expressão do receptor, os probióticos podem ajustar a atividade cerebral.
Mas os pesquisadores ressaltam que o experimento não traz uma solução mágica: infelizmente, os pacientes continuaram prejudicados pela condição neurodegenerativa. Na realidade, o tratamento de Alzheimer continua sendo um desafio e novos estudos mais abrangentes precisam ser realizados para complementar estes achados iniciais.
A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável e progressiva. A maioria das vítimas são pessoas idosas. A doença apresenta sintomas como perda de funções executivas e cognitivas (como a memória), causada pela morte de células cerebrais. O objetivo do tratamento é aliviar os sintomas existentes, retardando a evolução da doença. Os tratamentos indicados são divididos em farmacológicos e os não-farmacológicos.
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