Uma pesquisa desenvolvida na Unicamp descobriu que o grafeno, um nanomaterial da família do carbono, pode colaborar com o tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
A descoberta abriu perspectiva para o uso deste material como carreador de fármacos no tratamento de doenças neurodegenerativas, pois ele abre temporariamente a barreira hematoencefálica, permitindo que um fármaco chegue em maior quantidade no sistema nervoso central.
Os vasos sanguíneos que irrigam o sistema nervoso central são revestidos por uma estrutura especial composta por células que atuam como um filtro muito seletivo. Esta é a barreira hematoencefálica, que só permite a passagem de alguns compostos necessários para o funcionamento cerebral adequado, como nutrientes, hormônios e gases.
Essa seletividade protege o sistema nervoso central de moléculas tóxicas encontradas no sangue e também impede que um fármaco administrado por via oral ou intravenosa atinja o cérebro, mesmo quando isso é necessário.
O óxido de grafeno reduzido é um nanomaterial de geração posterior aos nanotubos de carbonos. Este material pode ser considerado um dos mais promissores gerados pela nanotecnologia para aplicações biomédicas, apresentando atributos físico-químicos melhores que os dos nanotubos de carbono e também uma menor toxicidade.
A ideia de utilizar este material surgiu a partir dos indícios de que ele estabelece uma boa interface com o sistema neural, pois apresenta propriedades físicas e eletrônicas favoráveis. Dessa forma, o óxido de grafeno reduzido poderia interagir com neurônios, astrócitos e células endoteliais que revestem os vasos da microcirculação cerebral.
Os pesquisadores realizaram testes para verificar se o nanomaterial poderia ultrapassar a barreira hematoencefálica de ratos e constataram que ele promove a abertura da barreira de forma temporária, entre uma e três horas. Neste período de abertura, é possível administrar um fármaco que provavelmente não chegaria ao cérebro em condições normais.
Sete dias após a aplicação, a maior parte do composto já havia sido eliminada do organismo, sugerindo que ele não tende a se acumular e tornar-se tóxico às células. Outros exames constataram que a morfologia do cérebro permaneceu intacta e não houve morte neuronal nos roedores tratados. O material também não danificou células sanguíneas nem órgãos como o fígado e os rins.
Os resultados desta pesquisa nos aproximam de uma estratégia com grande importância na medicina, principalmente para o campo da Neurologia, já que a liberação da passagem de fármacos pela barreira hematoencefálica pode proporcionar os mesmos resultados terapêuticos, com doses menores de medicamentos, minimizando também os possíveis efeitos colaterais.
Conforme a autora da tese, o próximo passo da pesquisa é conjugar um fármaco ao nanomaterial, para que este entregue e/ou libere controladamente a substância no local desejado. A equipe planeja testar algum fármaco já conhecido, que apresente boa estabilidade e uma afinidade razoável com o nanomaterial.
Como no organismo das cobaias, o óxido de grafeno reduzido se concentrou principalmente no tálamo e no hipocampo, regiões afetadas por doenças como Parkinson e Alzheimer, é possível que seja algum medicamento já utilizado no tratamento dessas doenças, para verificar se ocorre ganho na terapêutica.
A pesquisa foi publicada em diversos periódicos, incluindo a edição de outubro de 2016 da revista “Molecular Pharmaceutics”. Depois dos testes em animais, a etapa seguinte é, em aproximadamente seis anos, iniciar os experimentos em humanos.
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A doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica e progressiva, resultante da degeneração das células responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor que controla os movimentos, entre outras funções. Seus sintomas costumam afetar o movimento, e o diagnóstico é feito com base no histórico do paciente, avaliação dos sintomas e alguns exames. O tratamento deve ser individualizado, e comumente exige uma abordagem interdisciplinar.
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