Cannabis e Cérebro têm uma relação, uma vez que o uso medicinal ou recreativo da planta Cannabis sativa, por um longo período, é capaz de gerar efeitos na função cerebral, mesmo que ainda não sejam totalmente conhecidos do ponto de vista médico.
A cannabis tem ganhado destaque com o passar dos séculos, sendo usada como fonte de alimentos, fibras, óleos, medicamentos, religiosos e recreativos, contendo mais de 500 compostos naturais já identificados, incluindo canabinoides (CBD), flavonoides e tetrahidrocanabinol (THC – principal ingrediente psicoativo que influenciou a adesão ao seu uso recreativo e indevido).
Além da função cerebral, a cannabis igualmente é capaz de desencadear efeitos na estrutura e cognição, especialmente nos casos em que ela e seus derivados são destinados ao uso médico, porque a maconha, como é conhecida popularmente, costuma ser eficaz em relaxar ou tratar ansiedade, dor e insônia, por exemplo.
Mas quando é utilizada de forma recreativa, antes da pessoa completar 16 anos, período de desenvolvimento do cérebro, as tarefas cognitivas ou comportamentais envolvendo o córtex frontal podem ter um desempenho inferior, provocando problemas de atenção, memória e julgamento.
Embora existam outros compostos canabinoides na Cannabis sativa, os fitocanabinoides que destacam-se são THC, comum na subespécie maconha e responsável pelo efeito de ‘barato” que é normalmente associado ao seu uso, e CBD (canabidiol), identificado na subespécie cânhamo, funcionando por meio de diversas ações farmacológicas complexas responsáveis pelo efeito terapêutico.
Quanto ao uso medicinal, a cannabis tem aprovação do FDA, agência do governo norte-americano responsável por regular, entre outras coisas, medicamentos, em relação aos compostos canabinoides, por exemplo.
O princípio ativo (substância extraída de uma planta que tem efeitos biológicos no organismo) canabinoide consegue agir no corpo humano porque temos receptores que viabilizam isso.
Nesse caso, os endocanabinoides são compostos produzidos no nosso corpo, semelhantes à substância em questão, e possuem um local específico para esse “encontro”, chamados receptores CB1 e CB2.
Quando somados, inclusive com as enzimas envolvidas no processo, compõem o Sistema Endocanabinoide, responsável por manter o equilíbrio do nosso organismo (controle motor, de apetite e digestão, formação muscular, crescimento ósseo, sono, metabolismo e função hepática, por exemplo).
E devido ao fato de esses receptores serem encontrados no sistema nervoso central (SNC), trato gastrointestinal, fígado e nas células de gordura, é possível que os canabinoides derivados da cannabis atuem como uma opção terapêutica nesse sistema, que está relacionado às condições inflamatórias crônicas, à ansiedade, às doenças cardíacas, à dor crônica, enxaqueca e ao estresse.
A relação entre ansiedade e canabinoides tem poucas evidências, mas estudos apontam que o CBD é uma possibilidade de tratamento eficaz diante de quadros de ansiedades generalizada e social, e transtorno do pânico.
Em tratando-se da Doença de Parkinson, o uso de CBD proporciona efeitos positivos em sintomas de baixa qualidade de vida, distúrbios do sono, estigma, problemas nas atividades diárias e psicose, mas não no quesito motor.
Quanto às dores crônicas, o CBD igualmente apresentou efeitos favoráveis, sendo analgésicos não psicoativos, apesar de ainda incompreendidos pelos pesquisadores. Mas é importante que cada quadro de dor seja devidamente analisado para confirmar se é a melhor opção.
Quanto à CBD no tratamento da epilepsia, estudos indicam que o uso de óleos enriquecidos em canabinoides são benéficos, reduzindo a quantidade de convulsões consideravelmente.
Embora necessite de mais estudos, assim como para outras condições médicas, sabemos que a administração de injeções de CBD em determinadas doses aumentam o sono, porém, é importante estar ciente de que ao ser combinado com THC, tende a diminuir o estágio III do sono. Logo, os estudos divergem e é fundamental haver um acordo entre o paciente e o médico especialista em Neurologia de confiança em relação ao assunto.
Em pacientes com TEA com o Sistema Endocanabinoide afetado, ou seja, que apresentam ansiedade, convulsões, deficiências cognitivas e distúrbios do padrão de sono, o uso de CBD tanto em crianças quanto adolescentes é controverso, mas há indícios de ser um potencial terapêutico.
Logo, a Cannabis ainda apresenta motivos para ser estudada e até considerada em alguns casos para determinados usos. Então, é imprescindível haver uma conversa entre o médico especialista em Neurologia e paciente para entrarem em um acordo sobre o uso ou não da Cannabis diante dos efeitos no Cérebro.
Artigo Publicado em: 3 de out de 2023 e Atualizado em: 29 de abr de 2025
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Tags:canabidiol, Cannabis, Cannabis e o cérebro, CBD, Check-up Neurológico
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