Pacientes portadores de dores crônicas causadas por uma lesão medular tem a possibilidade de ter os sintomas amenizados e sua qualidade de vida melhorada por meio de um procedimento cirúrgico que implanta um eletrodo medular que provoca estímulos no local da lesão.
É a área da neurocirurgia destinada a melhora da função dos pacientes que possuem distúrbios de movimento, são portadores de epilepsia ou os pacientes que possuam dores.
O eletrodo de estimulação medular é uma técnica cirúrgica utilizada para o tratamento da dor crônica, principalmente, as dores neuropáticas. As dores neuropáticas são causadas por lesões nos nervos.
O eletrodo é indicado para os pacientes que possuam quadro de dor refratária, quando os tratamentos medicamentosos já não entregam resultados satisfatórios.
Existem duas modalidades de cirurgia para implante de eletrodo, sendo elas a cirurgia percutânea e a cirurgia aberta.
A cirurgia percutânea é menos invasiva, porém, apresenta maior risco de deslocamento do eletrodo do local em que foi colocado. Com uma agulha, faz-se uma punção na pele do paciente, guiada por raio x, colocando o eletrodo na coluna do paciente. O eletrodo fica posicionado entre a camada da dura-máter e do osso, de forma em que não há contato com a medula, então, é possível realizar o estímulo de choque para tratar a dor do paciente.
Já na cirurgia aberta, é feito um corte para abrir um pedaço do osso do paciente e, então, é colocada uma placa de eletrodo entre o osso e a membrana da coluna.
O que determina a indicação dessa cirurgia como tratamento é a condição clínica do paciente. Ou seja, pode ser indicado para qualquer idade. Porém, evita-se a indicação deste procedimento para pacientes com menos de dezoito anos.
Sim, são contra indicações: doenças limitantes, risco de anestesia associado, distúrbio de coagulação, ou qualquer outro fator de risco que impossibilite uma cirurgia com anestesia.
A duração da cirurgia de implante de eletrodo medular depende da técnica escolhida. A cirurgia percutânea é mais rápida, com poucos cortes associados, com duração média de uma hora e meia.
Por sua vez, a cirurgia aberta, é mais invasiva e o seu procedimento tem duração média de três horas.
O sucesso do procedimento é analisado por meio de testes realizados nos pacientes.
Dessa forma, ambos os tipos de cirurgia são divididos em duas etapas, sendo que primeiro a inserção do eletrodo medular é feita e após, já na segunda etapa, são colocados a bateria e o computador que contém a programação.
O teste é realizado entre a primeira e a segunda fase do procedimento cirúrgico. Após a colocação do eletrodo medular, o fio exteriorizado é ligado em uma bateria externa.
Assim, o paciente será avaliado por um período a ser determinado pelo médico. Em alguns casos o período de teste é de setenta e duas horas e em outros, de até uma semana.
O que possibilita a verificação de sucesso da cirurgia é o teste. Caso o procedimento seja eficaz para o paciente, a bateria é implantada de forma definitiva. Caso o paciente não apresente uma resposta positiva à cirurgia é feita a retirada do eletrodo anteriormente inserido em um procedimento bem mais simples do que o de inserção.
No Brasil, a cirurgia é realizada por cirurgiões ou por anestesistas, assim como ortopedistas.
Normalmente não é necessário que o paciente permaneça na UTI. Porém, pode ocorrer a necessidade para fazer a cirurgia de implante de eletrodo.
Normalmente é utilizada a anestesia geral, porém em alguns casos é necessário que o paciente esteja acordado durante a cirurgia para informar ao médico se o estímulo está no local da dor e está combatendo-a.
O final definitivo da cirurgia é o implante da bateria. Após concluído o procedimento, o paciente irá receber antibiótico por quarenta e oito horas e receberá alta do hospital. Além disso, receberá analgesia para a dor e prosseguirá com medicações com a mesma finalidade.
O paciente, então, irá começar o processo de regulagem das potencias de estimulação do eletrodo.
Nas consultas de retorno, o médico irá verificar a cicatrização do corte feito para a realização da cirurgia e fará a programação do eletrodo.
Portanto, a configuração final do eletrodo medular depende do tipo utilizado. Alguns somente são configurados totalmente após dois meses de cirurgia, quando a cicatrização do local está completa. Porém, dentro deste prazo são realizados pequenos ajustes de acordo com a dor do paciente.
São utilizados alguns critérios de avaliação para verificar se o paciente é um bom candidato para a realização do procedimento. Com isso, as dores neuropáticas, como previamente citado, apresentam boa resposta à cirurgia.
Porém, não são todas as dores neuropáticas que melhoram com o procedimento. São as periféricas que efetivamente tem resultado positivo.
O diagnóstico é feito por meio da realização de exames funcionais do nervo, história clínica, exame físico e o exame chamado termografia. Sendo assim, a termografia associa a função do nervo com a vascularização da região, o que permite ao médico verificar se há um nervo lesionado ou não.
Os exames de imagem são importantes para verificar a existência de lesões centrais, que não apresentam boa resposta ao tratamento, sendo eles a ressonância de coluna ou de encéfalo.
Não há um procedimento pré-operatório específico, porém, o ideal é que o paciente seja avaliado por um médico anestesista ou cardiologista.
O procedimento cirúrgico é considerado de baixo risco. Contudo, o eletrodo é uma prótese e esse tipo de instrumento apresenta risco de infecção entre três e cinco por cento.
Além disso, pacientes que tenham alteração na coagulação podem apresentar hematomas cirúrgicos e há, também, apesar pequeno, o risco de lesão medular.
Não espere a dor se tornar muito frequente para buscar atendimento médico. Procure um especialista e evite a automedicação.
Autor: Dr. Victor Rossetto
A dor neuropática é uma doença crônica com diversas causas. Infecções, doenças e traumas que afetam os nervos periféricos são alguns exemplos. Esse tipo de dor pode ser causado por uma lesão ou disfunção do sistema nervoso central, periférico ou por traumas. Os pacientes são heterogêneos e apresentam uma variedade de sinais e sintomas sensoriais, todos relacionados à dor.
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