O mal de Parkinson é uma patologia que se desenvolve gradualmente, ao longo de muitos anos. À medida que a neurodegeneração avança, uma fase pré-clínica assintomática dá lugar a uma síndrome clinicamente manifestada, com características motoras que incluem tremor de repouso, rigidez, bradicinesia e alterações posturais, além de transtornos do humor e distúrbios do sono.
A disfunção cognitiva é uma característica comum entre os pacientes com parkinsonismo, mesmo nos indivíduos não dementes. No entanto, ainda existem poucos dados sobre o funcionamento cognitivo desses pacientes antes do diagnóstico, um estágio em que as intervenções com objetivo de modificar a progressão da doença são mais eficazes.
Um estudo publicado no Jama Neurology em setembro forneceu evidências de que a disfunção cognitiva precoce pode ser um fator de risco significativo para transtornos parkinsonianos, incluindo o mal de Parkinson.
A presença de alterações cognitivas no mal de Parkinson foi ignorada por muito tempo. Isso ocorreu possivelmente devido à sua descrição original, feita por James Parkinson (1817), na qual havia a afirmação de que o intelecto persistia inalterado.
Entretanto, a doença associa-se a várias manifestações neuropsiquiátricas, com grave impacto na vida dos pacientes. Estes déficits cognitivos podem ocorrer já nas fases iniciais. E, nessas circunstâncias, podem não ser clinicamente aparentes: apenas detectáveis por testes específicos.
Pacientes com mal de Parkinson, apresentando ou não demência, têm desempenho reduzido em vários testes cognitivos. Essa redução cognitiva pode ser atribuída à disfunção dos circuitos conectores da região frontal aos núcleos da base.
A modificação patológica mais marcante do mal de Parkinson encontra-se na substância negra. Mas a perda de neurônios não ocorre apenas nesta região, abrangendo também os núcleos do tronco encefálico, hipotalâmicos e bulbo olfatório.
Pelo perfil dos déficits cognitivos provocados pela doença de Parkinson como déficit de memória operacional e queda de desempenho das funções, pode-se acreditar que a disfunção do lobo frontal é causa de certas características das perdas cognitivas nesta patologia.
A causa desta perda de neurônios não foi ainda definida, mas acredita-se que fatores genéticos, ambientais e acúmulo de proteínas estejam envolvidos.
Os pesquisadores avaliaram 7386 participantes com idade média de 65 anos. A cognição basal foi avaliada entre janeiro de 2002 e dezembro de 2008, usando uma bateria de testes.
Entre os participantes, 1,1% desenvolveram parkinsonismo incidente durante um seguimento médio de 8,3 anos. Destes participantes, 72,2% foram diagnosticados com mal de Parkinson provável e 30,4% apresentaram demência.
Nos 24 pacientes que apresentavam demência, 10 a desenvolveram antes do início do parkinsonismo, enquanto os outros a desenvolveram posteriormente.
Aqueles participantes com baixos escores cognitivos globais estavam em risco significativamente maior de parkinsonismo. O risco também foi aumentado para aqueles com escores pobres em uma série de diferentes tipos de testes, incluindo a substituição de letras e a fluência verbal.
Estes dados fornecem uma visão importante sobre o vínculo entre a disfunção cognitiva e o risco de parkinsonismo na população em geral. Reconhecer esta relação pode aumentar a atenção médica nos procedimentos diagnósticos, investigando não somente os aspectos não-motores da doença, e providenciando um tratamento precoce para esses sintomas.
A intervenção nesta fase mais inicial da doença pode ajudar a desacelerar o processo neurodegenerativo, antes de ela se manifestar completamente. Assim, a identificação precisa, antes da neurodegeneração avançada, é uma prioridade de pesquisa, representando um passo essencial para retardar a progressão da doença.
Procurar o neurologista ao perceber qualquer sinal de declínio cognitivo também é fundamental para garantir um diagnóstico precoce, assim como o tratamento mais eficaz. Marque uma consulta e tire todas as suas dúvidas.
A doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica e progressiva, resultante da degeneração das células responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor que controla os movimentos, entre outras funções. Seus sintomas costumam afetar o movimento, e o diagnóstico é feito com base no histórico do paciente, avaliação dos sintomas e alguns exames. O tratamento deve ser individualizado, e comumente exige uma abordagem interdisciplinar.
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