A espasticidade é uma das principais complicações neuromotoras do acidente vascular cerebral. Caracterizada por um aumento da atividade muscular, de forma involuntária, que resulta em adaptações na morfologia muscular, esta condição prejudica o desempenho funcional do sistema locomotor, incluindo músculos e articulações.
A capacidade de recuperar a funcionalidade muscular, comprometida pela espasticidade, está relacionada a diversos fatores. Entre eles, a associação de fisioterapia à aplicação de toxina botulínica é uma das alternativas que vem demonstrando melhores resultados.
Produzidas pela bactéria Clostridium botulinum, as neurotoxinas botulínicas são as toxinas mais potentes conhecidas até o momento, combinando mecanismos de ação extremamente específicos com uma alta toxicidade. Entretanto, diversas utilidades médicas estão sendo descobertas para estas substâncias que, há alguns anos, eram caracterizadas apenas pela sua periculosidade.
A toxina botulínica ou Botox, como é conhecida popularmente, atua nos terminais nervosos da junção neuromuscular, inibindo os moduladores que ativam a contração do músculo. Dessa forma, é de grande utilidade para o tratamento de distúrbios em que ocorra excesso de contração muscular.
Seu uso está bem estabelecido para o tratamento da espasticidade que interfere na função (marcha, higiene, vestimenta, escrita), causa dor ou é fator de risco para complicações (anquilose, úlceras de pressão, disfagia, automatismos).
A aplicação é realizada no local onde é necessário o relaxamento da musculatura e o seu efeito é transitório, devido ao brotamento de novos terminais nervosos, que restauram a função das fibras musculares relaxadas. Porém, o retorno da função muscular coincide também com a recuperação funcional das placas motoras.
Seu efeito tem início entre 24 a 72 horas da aplicação, o paciente percebe o início da melhora clínica entre 14 a 21 dias. A duração do efeito é variável entre 2 a 6 meses, em média 4 meses e de acordo com o efeito da aplicação, é recomendado um intervalo mínimo de 3 a 4 meses entre as aplicações, por causa do risco criação de memória imunológica.
Os possíveis efeitos colaterais da aplicação de toxina botulínica estão relacionados, principalmente, à realização da infiltração. Os mais frequentes são dor, edema ou pequenos hematomas, que podem ser facilmente resolvidos com o uso de antitérmicos, analgésicos e cuidados locais, como aplicação de gelo, desaparecendo em alguns dias.
Existe uma forte relação entre a plasticidade neural e a reabilitação. A importância da fisioterapia para a reabilitação neurológica está no fato de que, a partir da região cerebral não afetada, os tecidos residuais e suas conexões com a área lesada restauram e reorganizam a rede neural para recuperar a função.
No ambiente da reabilitação funcional ou fisioterapia, que é rico em estímulos sensoriais, cognitivos e motores, com suas novas demandas ou formas de exercício, essas redes neurais podem representar novos movimentos ou fortalecer os já existentes, promovendo a reabilitação.
A toxina botulínica possui grande eficácia para o tratamento da hipertonia local, facilitando o processo de fisioterapia, pois com a redução da contração muscular excessiva, ocorre diminuição da resistência ao movimento, promovendo também um ganho da amplitude do movimento na articulação comprometida.
Além disso, o mecanismo de ação da toxina botulínica é baseado na redução da atividade muscular, mas não exerce nenhum efeito sobre a precisão e controle do movimento. Estas capacidades serão reabilitadas durante a fisioterapia, com a prática de exercícios com repetição de movimentos.
Dessa forma, a associação entre a toxina botulínica e a fisioterapia para o tratamento da espasticidade é fundamental na reabilitação das regiões comprometidas, promovendo melhoras na capacidade funcional e também na morfologia muscular.
Em suma, a toxina botulínica só ganha sentido de ser aplicada se for em conjunto com atividades de fisioterapia e de preferência com intensificação da mesma e com objetivos de melhora da ortetização, da higiene de dobras, melhora da manipulação ou do ato de vestir e desvestir, melhora da marcha, melhora de função, melhora da velocidade e do gasto energético com os movimentos.
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