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Mulheres com esclerose múltipla e tratamentos de infertilidade

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Esclerose Múltipla

Publicado: 19 de outubro de 2015 | Atualizado: 20 de dezembro de 2016

Mulheres com esclerose múltipla  podem enfrentar riscos para a sua saúde se optarem por se submeter a certos tratamentos de infertilidade. Mas a gravidez ainda é uma opção para as mulheres com a doença. Na verdade, a gravidez pode reduzir o número de crises da esclerose múltipla.

Até 1950, a maioria das mulheres com esclerose múltipla era aconselhada a evitar a gravidez pelo temor que a gestação poderia agravar a esclerose.  As pesquisas, desde então, têm mostrado o oposto, especialmente as mulheres entre o segundo e o terceiro trimestres de gestação.

“No entanto, tratamentos para infertilidade que empregam as tecnologias de reprodução assistida, tais como a fertilização in vitro (FIV), podem piorar os sintomas de esclerose múltipla. Um estudo argentino mostrou que as mulheres com esclerose múltipla que se submeteram aos tratamentos de reprodução humana assistida tiveram seus sintomas agravados. A pesquisa, publicada na revista Annals of Neurology, envolveu 16 mulheres com esclerose múltipla que foram submetidas a um total de 26 ciclos de reprodução assistida. 15 voluntárias saudáveis e 15 mulheres com esclerose múltipla que não estavam fazendo tratamentos para engravidar, empregando as técnicas da reprodução assistida, serviram como controle. 75% das mulheres com esclerose múltipla descobriram que os sintomas da doença agravaram-se com os tratamentos de infertilidade. Mais de 70% experimentaram novos sintomas e 27% das mulheres descobriram que seus sintomas existentes tornaram-se piores”, afirma o neurologista, Willian Rezende do Carmo, CRM-SP 160.140.

As mulheres com esclerose múltipla que pretendem engravidar e enfrentam fatores de infertilidade precisam ser avisadas por seus neurologistas que as técnicas de reprodução humana assistida, ou seja, o próprio tratamento para infertilidade, pode aumentar significativamente o risco de novas exacerbações. “Então, elas podem decidir o que fazer. Elas podem continuar adotando as formas naturais de engravidar ou podem optar por correr os riscos. Até a publicação deste  estudo, as informações sobre esta questão estavam apenas parcialmente disponíveis”, informa o médico.

Embora o número de pacientes no estudo argentino seja pequeno, alguns estudos anteriores sugeriram o mesmo: os tratamentos de infertilidade podem causar mudanças na atividade da EM.

A principal diferença entre este  estudo e os demais é que este analisa especificamente as técnicas de reprodução humana assistida, onde as mulheres recebem hormônios (GnRH) para liberar as gonadotrofinas e estimular a produção dos folículos nos óvulos. O GnRH é responsável pela liberação dos folículos dos óvulos. Os agonistas de GnRH são usados para impedir a ovulação natural durante a fertilização in vitro. O emprego do hormônio  GnRH não é o único tratamento de infertilidade disponível para as mulheres. Há outras opções terapêuticas.

Preparando-se para o que a gravidez pode trazer

Reduzir as doses dos hormônios pode fazer com que o tratamento de infertilidade seja mais seguro para as mulheres com esclerose múltipla? Os pesquisadores ainda não sabem, precisam investigar mais. “A questão levanta a possibilidade dos especialistas em infertilidade trabalharem em conjunto com os neurologistas e fazerem ajustes no tratamento de infertilidade para as pacientes com esclerose múltipla”, defende Willian Rezende.

O médico ainda destaca que, se mesmo ciente dos riscos, a mulher decidir ir em frente e empregar as técnicas de reprodução humana assistida, será preciso adotar medidas para melhor gerir uma exacerbação da esclerose múltipla. “Isso porque ela vai estar em risco aumentado de uma recaída. É importante que ela preste atenção ao próprio corpo e procure ajuda médica o mais cedo possível se os seus sintomas da esclerose múltipla se agravarem É recomendável também organizar a ajuda no caso dos sintomas de esclerose múltipla piorarem após o parto. As técnicas de reprodução assistida podem induzir também uma recaída pós-parto, é necessário ter a certeza de contar com o apoio necessário para cuidar de si mesmo e do recém-nascido”, orienta o neurologista.

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Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é a principal doença imunológica do Sistema Nervoso Central. Ela afeta o cérebro e a medula espinhal por meio de lesões inflamatórias que podem ser leves ou intensas, levando à ruptura da fibra neural, responsável pelo impulso nervoso. Isso implica que a esclerose múltipla é uma doença de caráter inflamatório e neurodegenerativo, uma vez que ela afeta e rompe os neurônios.

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