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Exame de neuroimagem não é essencial para diagnóstico da enxaqueca

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Dor de Cabeça

Publicado: 27 de dezembro de 2016 | Atualizado: 3 de janeiro de 2017

O exame de neuroimagem para dor de cabeça é frequentemente solicitado por médicos durante as consultas, apesar das diretrizes recomendarem que esses exames não devem ser  procedimentos de rotina. A maioria das dores de cabeça é devido a causas benignas. Múltiplas diretrizes médicas têm recomendado a não realização desses exames de forma rotineira quando a queixa principal é  dor de cabeça.

Os autores de um estudo recente constataram exatamente isso, analisando dados de consultas motivadas por dor de cabeça com pacientes com 18 anos ou mais, entre  2007-2010. Foram analisadas 51,1 milhões de consultas de dor de cabeça, durante esses quatro anos, incluindo 25,4 milhões decorrentes de enxaquecas. Os exames de neuroimagem foram realizados em 12,4% de todas as consultas de dor de cabeça e em 9,8% das consultas de enxaqueca. O uso dos exames de neuroimagem aumentou de 5,1% em 1995 para 14,7% em 2010.

“Desde 2.000, várias diretrizes têm recomendado cautela, antes da realização de exames de neuroimagem de rotina, em pacientes com dores de cabeça, pois uma condição patológica intracraniana grave é uma causa incomum de dor de cabeça. Consequentemente, a magnitude do uso da neuroimagem encontrada neste estudo sugere um uso excessivo considerável. Temos muitos desafios em relação ao diagnóstico da enxaqueca e das demais dores de cabeça crônicas, mas o exame clínico e o relato do paciente ainda são os pilares desse diagnóstico. O exame de imagem tem sua função definida, mas somente em alguns casos”, conta o neurologista, Willian Rezende do Carmo, CRM-SP 160.140.

Os desafios do diagnóstico das cefaleias 

O diagnóstico correto das cefaleias depende principalmente das informações fornecidas pelo paciente a respeito das características da sua dor. A seguir, relacionamos alguns aspectos sobre os quais o neurologista irá se debruçar.  A fim de tornar mais produtiva sua consulta, é interessante que você já vá para ela tendo pensado nessas questões. Se preferir, poderá levar algumas anotações:

  • Tempo de início da dor – o neurologista deverá lhe perguntar há quanto tempo você apresenta dor de cabeça. Se você sofre de cefaleia há muitos anos, tente recordar desde que idade aproximadamente passou a apresentar esse sintoma, mesmo que sua frequência fosse diferente da atual. Se o fato é recente, procure estabelecer o mais precisamente possível há quantos dias ou meses se iniciou;
  • Mudanças nas características da dor – é importante que você informe ao neurologista se a dor de cabeça que sente atualmente é semelhante à que sempre lhe acometeu ou se é de um novo tipo. Pode ocorrer, também, que a dor seja semelhante à de sempre, mas que se tenha tornado mais frequente. Procure recordar há quanto tempo a dor passou a apresentar as características atuais;
  • Frequência das crises – a frequência das crises é uma importante informação para o diagnóstico e difere muito de um tipo para outro de dor de cabeça, podendo ser diária, quase diária ou esporádica. Procure estabelecer aproximadamente quantas vezes por mês, por semana ou por dia a dor se manifesta. Observe, também, se suas dores seguem um padrão de agrupamento, ou seja, se há períodos em que ocorrem várias crises por dia, durante semanas ou meses, seguidas por intervalos de meses ou anos sem dor;
  • Duração das crises – o tempo de duração de cada episódio de dor varia de acordo com o tipo de cefaleia, podendo ser desde uma fração de segundo até dor contínua por dias, semanas, meses ou anos. Informe da maneira mais precisa possível, o tempo de duração de suas crises de dor;
  • Intensidade da dor – este é um outro aspecto muito útil para o diagnóstico. A intensidade da dor pode ser classificada de uma forma simples como fraca, moderada ou intensa, segundo o critério a seguir:
  1. Fraca – dor que não interfere com as atividades da vida cotidiana (trabalho, obrigações domésticas, estudo, etc);
  2. Moderada – dor que não impede, mas interfere nas atividades;
  3. Forte – dor que impede as atividades.
  • Localização habitual da dor – para algumas formas de cefaleia, a localização da dor pode ser uma informação importante. Observe e informe o seu neurologista se as dores costumam acometer toda a cabeça ou se, pelo menos, em algumas crises, a dor ocorre em apenas um dos lados. Se a dor for unilateral, observe se há alternância de lado entre as crises ou se elas ocorrem exclusivamente à direita ou à esquerda;
  • Qualidade da dor – as dores de cabeça podem ser pulsáteis ou latejantes (percepção do pulso arterial ou sensação de que “o coração está batendo na cabeça”), constantes, em peso ou aperto (sensação de uma faixa apertada, turbante ou capacete), em pontadas, em choque, em queimação e de muitas outras formas de acordo com a percepção do paciente. Esse dado pode ajudar a esclarecer qual a sua modalidade de dor de cabeça;
  • Fatores desencadeantes – algumas formas de cefaleia podem ser desencadeadas quando o paciente é submetido a certos fatores deflagradores (ou desencadeantes). Os mais frequentemente relatados são: alterações emocionais; atraso na ingestão de alimentos (suprimir refeições, jejum prolongado); mudanças de horário de sono (dormir demais ou de menos); alimentos e produtos da dieta (chocolate, queijos, frutas cítricas, frutas oleaginosas, vinhos tintos, cerveja, embutidos, aspartame, glutamato monossódico, cafeína); posições viciosas do pescoço. Em alguns pacientes, a dor pode ser desencadeada por estímulos em determinados pontos da cabeça (pontos de gatilho). Se você perceber correlação entre sua dor e algum desses ou outros deflagradores, anote e informe. Isso poderá ser útil no diagnóstico e também no tratamento;
  • Fenômenos acompanhantes – diferentes modalidades de cefaleia são acompanhadas de outros fenômenos além da dor. Observe se apresenta algum deles: intolerância à luz (fotofobia), aos sons (fonofobia) ou aos odores (osmofobia); náusea; vômitos; rebaixamento de uma das pálpebras (ptose); lacrimejamento ou vermelhidão de um dos olhos; congestão nasal ou coriza;
  • Fatores de agravamento ou de alívio – procure verificar se sua dor se acentua quando você executa atividades como, por exemplo, caminhar, subir escadas, ou quando abaixa a cabeça. Observe também o que lhe proporciona algum alívio (excetuando-se as medicações) como dormir, repouso, aplicar gelo na cabeça, etc.

 

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Dor de Cabeça

A Cefaleia, conhecida popularmente como dor de cabeça, pode ocorrer de modo isolado, quando apresenta um complexo sintomático agudo (como a enxaqueca), ou provida de doenças em desenvolvimento (como infecções). O diagnóstico é baseado na compreensão da fisiopatologia dessas dores de cabeça, na obtenção de um histórico clínico e na realização de um exame físico e neurológico criterioso, para formular um diagnóstico diferencial.

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