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Tratamento de hiperidrose com toxina botulínica

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Toxina Botulínica

Publicado: 30 de abril de 2017

Tratamento de hiperidrose com toxina botulínica

Apesar de indispensável para controlar a temperatura do corpo, quando excessivo, a hiperidrose causa um impacto negativo na vida das pessoas, incluindo constrangimento, isolamento, incômodo físico, baixa autoestima e outros problemas relacionados ao convívio social.

A hiperidrose é caracterizada pela transpiração (sudorese) excessiva e incontrolável, ultrapassando a necessidade de termorregulação. Cerca de 1% da população apresenta este problema, que pode surgir sem qualquer fator desencadeante aparente, em homens e mulheres de várias idades.

É uma condição subdiagnosticada, devido ao embaraço social que está relacionado ao problema. Estima-se que apenas cerca de 38% das pessoas com sintomas característicos de hiperidrose procuraram atendimento médico.

As regiões mais afetadas são as axilas, seguidas pela palma das mãos, planta dos pés, couro cabeludo e virilha, podendo estar acompanhada de bromidrose, um odor desagradável pela colonização bacteriana das áreas afetadas.

Está comumente associada à hiperatividade do sistema nervoso autônomo simpático, que gera hipertrofia e hipersecreção das glândulas sudoríparas de determinadas áreas anatômicas.

Aplicação da toxina botulínica para hiperidrose

Em surtos de Botulismo ocorridos na Suíça, observou-se que a Toxina Botulínica, além da ação bloqueadora na musculatura estriada, também apresentava bloqueio na transmissão de estímulo no sistema nervoso autônomo. Alguns pacientes com Botulismo apresentaram supressão de sudorese por até 2 anos.

O primeiro relato de supressão de sudorese com Toxina Botulínica farmacológica foi feito em um estudo nos EUA, em 1995, com um voluntário médico que se auto-injetou 1 unidade de toxina botulínica no subcutâneo do antebraço, conseguindo a eliminação da sudorese.

Quando aplicada na pele, a Toxina Botulínica bloqueia a liberação do neurotransmissor acetilcolina, impedindo o contato nervoso com a glândula sudorípara. O nervo e a glândula continuam funcionais, mas não há passagem do estímulo que provoca o suor.

Como o nervo e a glândula continuam íntegros, após um período de tempo, ocorre uma reinervação na glândula, e o estímulo nervoso volta a agir. Esse período depende do local onde a Toxina Botulínica foi aplicada e também da dose. Mas acredita-se que o bloqueio sináptico provocado pela toxina botulínica pode causar atrofia e involução das glândulas sudoríparas.

É um tratamento de fácil realização, podendo ser feito com anestesia tópica. As injeções são intradérmicas, aplicadas num padrão em rede, com uma agulha pequena e a alguns milímetros de profundidade, em cada local.

Efeitos e Resultados

Os efeitos colaterais são raros e pouco severos. Geralmente ocorrem prurido, dor, desconforto e edema, que passam rapidamente.

A aplicação nas mãos pode causar diminuição da força de preensão do polegar ou fraqueza muscular, que desaparecem em poucas semanas. Por este motivo, é aconselhado tratar primeiro a mão não dominante e, em algumas semanas, a mão dominante.

O efeito terapêutico pode ser observado a partir do terceiro dia, com redução dos sintomas de aproximadamente 50% na primeira semana de tratamento, e de até 94% após a segunda semana. A redução dos sintomas da hiperidrose pode variar entre 4 a 12 meses, com uma média de 7 meses.

Esse efeito mais prolongado decorre, possivelmente, da utilização de terapia cognitivo-comportamental em associação à toxina botulínica, que melhora o estado emocional e a autoestima do paciente, reduzindo a chance de retorno dos sintomas da hiperidrose após o término da ação da toxina.

Uma possível explicação para isto é que alguns pacientes com hiperidrose possuem uma disfunção do controle central da sudorese emocional. Por exemplo, as glândulas sudoríparas na palma das mãos são ativadas, principalmente, por estímulos emocionais. É por esta razão que durante o sono ou sedação não se regista sudorese nestes pacientes com hiperidrose.

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