A distonia é um grupo de distúrbios do movimento em que ocorrem contrações musculares involuntárias, mantidas e/ou repetidas, de vários músculos, originando movimentos e posturas anormais. Alterações sensório-motoras como: dor, queimação ou dormência podem preceder o início das contrações musculares.
Com origem hereditária ou associada a distúrbios neurológicos, sua ocorrência pode ser focal, quando envolve partes únicas do corpo, como olhos, boca, laringe, pescoço ou membros; segmentar, quando envolve duas ou mais partes próximas; multifocal, quando envolve várias partes do corpo não adjacentes ou generalizada, quando presente em uma ou ambas as pernas, tronco e outra parte do corpo.
A toxina botulínica é a primeira opção terapêutica para as distonias focais, como distonia cervical, distonia oromandibular, disfonia espasmódica, distonia do escrivão e hemidistonia. Também apresenta bons resultados em outras doenças neurodegenerativas com grande componente distônico.
Produzidas pela bactéria Clostridium botulinum, as neurotoxinas botulínicas são as toxinas mais potentes conhecidas até o momento. Sua combinação de mecanismos de ação extremamente específicos com uma alta toxicidade vem demonstrando diversas utilidades médicas, que estão muito além de sua periculosidade.
A toxina botulínica, como é conhecida popularmente, atua nos terminais nervosos da junção neuromuscular, inibindo os moduladores que ativam a contração do músculo. Dessa forma, é de grande utilidade para o tratamento de distúrbios na contração muscular.
A toxina botulínica é administrada por meio de injeção nos músculos que geram as contrações involuntárias, relaxando-os e diminuindo os movimentos e postura anormais, sem ocasionar paralisia completa.
O sucesso do tratamento depende da identificação correta dos músculos alvo e do cálculo da dose em função dos músculos a infiltrar. Em alguns casos, para uma melhor seleção, pode ser necessário aplicar a injeção com auxílio de exames de eletroneurimiografia.
Seu efeito tem início entre 24 a 72 horas da aplicação, com início da melhora clínica entre 7 a 10 dias. A duração do efeito é variável entre 2 a 6 meses, e de acordo com o efeito da aplicação, é recomendado um intervalo mínimo de 3 a 4 meses entre as aplicações.
Os possíveis efeitos colaterais da aplicação de toxina botulínica estão relacionados, principalmente, à realização da infiltração. Os mais frequentes são dor, edema ou pequenos hematomas, que podem ser facilmente resolvidos com o uso de antitérmicos, analgésicos e cuidados locais, como aplicação de gelo, desaparecendo em alguns dias.
A toxina botulínica apresenta maior eficácia no tratamento das distonias, quando associada à terapia de reabilitação física, com fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, entre outros, proporcionando uma melhora considerável da incapacidade e da dor.
Apesar de ainda existir poucas evidências sobre a estimulação sensorial e o fortalecimento da musculatura como forma de tratamento nas distonias, em treino com tarefas específicas para algumas distonias focais, o uso extensivo dos músculos envolvidos parece resultar em ganho de controle motor e redução dos sintomas.
Várias técnicas fisioterápicas, como relaxamento, alongamento, RPG e biofeedback podem ser associadas à aplicação da toxina botulínica. Na distonia focal da mão, por exemplo, as técnicas de imobilização do antebraço e/ou da mão, seguindo-se treinamento motor, têm demonstrado resultados satisfatórios na recuperação motora da escrita e outras atividades.
Muitas vezes, se a distonia é tarefa específica ou algum tipo de gatilho específico, o fisioterapeuta pode ajudar a treinar o desempenho da mesma tarefa com outra postura.
Este recurso terapêutico pode auxiliar pessoas com distonias quanto ao desempenho em suas atividades básicas e instrumentais de vida diária, atividades de trabalho e de lazer, permitindo ao paciente alcançar uma maior independência funcional.
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