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Mulheres e um diagnóstico diferencial de Alzheimer

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Memória / Alzheimer

Publicado: 15 de janeiro de 2017 | Atualizado: 29 de janeiro de 2017

As mulheres podem ter uma melhor memória para palavras do que os homens, apesar das evidências de níveis semelhantes de encolhimento, em áreas do cérebro que que fazem parte do diagnóstico diferencial de Alzheimer, de acordo com um estudo publicado  na edição on-line do Neurology ®,  jornal médico da Academia Americana de Neurologia.

De acordo com o autor do estudo, uma maneira de interpretar os resultados é que as mulheres têm melhores habilidades de memória verbal do que os homens, pois desenvolvem essa capacidade, ao longo da vida, assim elas criam uma camada de proteção contra a perda de memória verbal, antes dos efeitos de retrocesso da doença de Alzheimer.

Como os testes de memória verbal são usados para diagnosticar pessoas com a doença de Alzheimer e comprometimento cognitivo leve, estes testes podem falhar na detecção do comprometimento cognitivo leve e da doença de Alzheimer em mulheres, até que elas estejam numa fase mais adiantada da doença.

O estudo incluiu participantes da Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative: 235 pessoas com doença de Alzheimer, 694 pessoas com transtorno cognitivo leve, que incluíam problemas de memória e 379 pessoas sem problemas de memória ou de pensamento. Os grupos realizaram testes de memória verbal que foram comparados com o tamanho da área do hipocampo do cérebro, que é responsável pela memória verbal e afetada nas fases iniciais da doença de Alzheimer.

“Em termos de políticas públicas, o potencial custo de cuidados de saúde  em função do diagnóstico tardio do Alzheimer nas mulheres é impressionante e deve motivar o financiamento de mais pesquisas nesta área. Se esses resultados forem confirmados, precisaremos ajustar os testes de memória para nos ajustarmos às diferenças entre homens e mulheres a fim de melhorar a nossa precisão no diagnóstico diferencial de Alzheimer“, afirma o neurologista, Willian Rezende do Carmo, CRM-SP 160.140.

Como fazer diagnóstico diferencial de Alzheimer?

É muito comum que os sintomas iniciais da doença de Alzheimer sejam confundidos com o processo de envelhecimento normal. Essa confusão tende a adiar a busca por orientação profissional e, quase sempre, a doença é diagnosticada tardiamente. Recomenda-se que, diante dos primeiros sinais, as famílias procurem profissionais e/ou serviços de saúde especializados para diagnóstico precoce no estágio inicial da doença, o que favorecerá a evolução e o prognóstico do quadro.

Nos quadros de demência da doença de Alzheimer, normalmente observa-se um início lento dos sintomas (meses ou anos) e uma piora progressiva das funções cerebrais. “A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. Antes disso, esse exame não é indicado, por apresentar riscos ao paciente. Na prática, o diagnóstico do  Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita pelo neurologista, que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência”, afirma o médico.

Exames de sangue e de imagem, como tomografia ou, preferencialmente, ressonância magnética do crânio, devem ser realizados para o diagnóstico diferencial de Alzheimer. Faz parte da bateria de exames complementares uma avaliação aprofundada das funções cognitivas. A avaliação neuropsicológica envolve o uso de testes psicológicos para a verificação do funcionamento cognitivo em várias esferas. Os resultados, associados aos dados da história e da observação do comportamento do paciente, permitem identificar a intensidade das perdas em relação ao nível prévio, e o perfil de funcionamento permite a indicação de hipóteses sobre a presença da doença. O mapeamento pode ser útil ainda para a programação do tratamento de estimulação cognitiva, que considera as habilidades que merecem investimento para serem preservadas e aquelas que precisam ser compensadas.

Discussão:

“O Alzheimer não deve ser a principal hipótese para o quadro demencial quando houver evidências de outras doenças que justifiquem a demência (por exemplo, doença vascular cerebral ou características típicas de outras causas de demência) ou quando há uso de medicação que possa prejudicar a cognição. É reconhecida uma fase do  Alzheimer anterior ao quadro de demência. Essa fase é chamada de comprometimento cognitivo leve devido à Doença de Alzheimer. Essa hipótese é feita quando ocorre alteração cognitiva relatada pelo paciente ou por um informante próximo, com evidência de comprometimento, mas ainda há a preservação da independência nas atividades do dia a dia”, explica o neurologista.

Pode haver problemas leves para executar tarefas complexas anteriormente habituais, tais como pagar contas, preparar uma refeição ou fazer compras. O paciente pode demorar mais para executar atividades ou ser menos eficiente e cometer mais erros. No entanto, ainda é capaz de manter sua independência com mínima assistência. Não é possível saber se pacientes que apresentam esse quadro evoluirão para a demência.

Muitos pacientes apresentam um comprometimento cognitivo leve que não tem como causa o Alzheimer, e muitos não evoluem para a demência, mas é importante que o paciente e seu familiar procurem um profissional para a avaliação cuidadosa e acompanhamento neurológico.

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Memória / Alzheimer

A Doença de Alzheimer é uma enfermidade incurável e progressiva. A maioria das vítimas são pessoas idosas. A doença apresenta sintomas como perda de funções executivas e cognitivas (como a memória), causada pela morte de células cerebrais. O objetivo do tratamento é aliviar os sintomas existentes, retardando a evolução da doença. Os tratamentos indicados são divididos em farmacológicos e os não-farmacológicos.

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