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Episódio de delirium acelera o declínio cognitivo

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Neurologia Geral

Publicado: 27 de março de 2017 | Atualizado: 18 de fevereiro de 2019

Episódios de delirium podem acelerar o declínio cognitivo. E isto foi confirmado em um estudo publicado no início deste ano no JAMA Psychiatry. No estudo, idosos que apresentaram um episódio de delirium durante a hospitalização, também tiveram um declínio cognitivo mais acentuado, em comparação com pacientes que não apresentaram nenhum episódio.

Os pesquisadores acreditam que esses episódios são ser fatores que aceleram a neurodegeneração e por consequência a evolução da demência.

Em que consiste um episódio de delirium

Também conhecido como estado confusional agudo, o delirium é uma perturbação grave da função mental, caracterizado principalmente por distúrbios da consciência. O paciente também pode apresentar reduzida capacidade de concentração, falhas da memória e alteração da percepção do ambiente.

Esse quadro de confusão mental é muito comum em idosos, com início geralmente súbito, evoluindo rapidamente, principalmente durante internações hospitalares, infecções, distúrbios metabólicos ou intoxicações.

É importante não confundir a palavra delirium com delírio, pois elas definem situações diferentes. O delírio é um sintoma psiquiátrico, em que o paciente possui forte convicção sobre fatos que vão contra a razão. Delirium é um estado alterado de consciência provocado por alguma doença orgânica. E o delirium acelera o declínio cognitivo

Causas e sintomas do delirium

Um paciente com delirium está confuso, desorientado, tem dificuldade de saber onde está e de reconhecer a data atual. Além disso, pode apresentar sonolência e discurso letárgico.

O paciente também perde gravemente a capacidade de concentração, não conseguindo manter uma conversação ou distraindo-se facilmente. Pode ser difícil reconhecer seus familiares ou a equipe médica, acreditando ainda que estas pessoas querem lhe fazer mal.

As causas do delirium ainda não são únicas. No entanto, os pacientes que desenvolvem estados confusionais também apresentam outros fatores de risco.

Doenças neurológicas prévias; idade avançada; uso de vários medicamentos, principalmente psicotrópicos, doenças crônicas em estado avançado; pouca mobilidade e privação do sono são alguns destes fatores. Infecções, desidratação, estados metabólicos alterados e dor também são associados ao delirium.

Como foi feito o estudo que mostrou que Delirium acelera o declínio cognitivo

Para confirmar a associação entre episódios de delirium e o declínio cognitivo, os pesquisadores avaliaram dados da autópsia neuropatológica, de um total de 987 cérebros individuais, com média de idade no óbito de 90 anos. Destes, 279 doadores haviam apresentado um episódio documentado de delirium.

Estes dados foram relacionados aos resultados do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), um breve questionário utilizado para rastrear perdas cognitivas, que foi realizado pelos doadores por seis anos consecutivos.

Dessa forma, foram comparadas as alterações patológicas com o declínio cognitivo a cada ano, possibilitando constatar o efeito que o delirium teve nesta taxa de alterações.

Os indivíduos sem história de delirium e com menos alterações patológicas características de demência, tiveram as menores taxas de declínio cognitivo com o tempo.

Já as taxas de declínio cognitivo mais aceleradas foram observadas naqueles com uma história de delirium, que também apresentavam mais alterações patológica para demência.

Prevenção do delirium

Como delirium acelera o declínio cognitivo e se associa aos processos neuropatológicos típicos de demência, como um fator que desencadeia ou acelera a progressão da doença, pode nos fornecer possibilidades de prevenção.

É importante considerar que, enquanto para os pacientes jovens são necessárias situações graves como choque séptico ou meningite para precipitar o delirium, nos pacientes idosos, principalmente se já existe um quadro de demência, até mesmo eventos relativamente benignos, como desidratação ou infecção podem ser suficientes para provoca-lo.

Com estas novas informações, o delirium pode deixar de ser considerado apenas um efeito colateral do adoecimento, possibilitando ações que minimizem a ocorrência destes episódios, não apenas pelo estresse que ele causa, mas também porque ele pode acarretar efeitos duradouros. Teve um estudo de metanálise que compila as informações sobre prevenção de delirium.

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