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Retrospectiva 2017 – Relembre as Principais Descobertas da Neurologia

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Conteúdos, Neurologia Geral

Publicado: 2 de janeiro de 2018 | Atualizado: 27 de março de 2018

Os problemas de saúde que envolvem a morte de neurônios é um grande desafio para a medicina. Muitos estudos estão sendo realizados no campo da Neurologia, com o objetivo de possibilitar o diagnóstico dessas doenças precocemente, o que é indispensável para atrasar sua progressão.

Neste primeiro artigo do ano, vamos fazer uma retrospectiva das tecnologias que apresentamos durante o ano de 2017, que estão sendo desenvolvidas para facilitar o diagnóstico e o tratamento das doenças neurológicas.

Descobertas da Neurologia em 2017

1 – Exame de Sangue para Diagnóstico de Parkinson

Um estudo publicado na Revista Neurology demonstrou que uma proteína chamada Neurofilamento de Cadeia Leve é liberada na corrente sanguínea quando as células cerebrais morrem.

Até então, sabíamos que era possível encontrar essa proteína analisando o fluído cefalorraquidiano. Mas o estudo apontou que essa proteína também pode ser encontrada na corrente sanguínea.

Esta tecnologia pode fornecer resultados tão precisos quanto a análise do fluído cerebrospinal para determinar, ainda na fase inicial, se os sintomas são causados pela doença de Parkinson ou por distúrbios parkinsonianos atípicos.

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2 – Relação entre Ingestão Excessiva de Açúcar e Transtornos Mentais

Uma revisão de literatura realizada pelo University College London, no Reino Unido, demonstrou que, em longo prazo, o consumo de altos níveis de açúcar está relacionado a uma maior prevalência de depressão.

Uma das explicações para esta relação é que o açúcar reduz os níveis do Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro, substância importante para o desenvolvimento dos tecidos cerebrais.

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3 – Uso do Grafeno no Tratamento de Alzheimer e Parkinson

Uma pesquisa desenvolvida na Unicamp descobriu que o grafeno, um nanomaterial da família do carbono, pode colaborar com o tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, pois ele abre temporariamente a barreira hematoencefálica, permitindo que um fármaco chegue em maior quantidade no sistema nervoso central.

Este material estabelece uma boa interface com o sistema neural, pois apresenta propriedades físicas e eletrônicas favoráveis, podendo interagir com neurônios, astrócitos e células endoteliais que revestem os vasos da microcirculação cerebral.

Os resultados desta pesquisa nos aproximam de uma estratégia com grande importância na Neurologia, já que a liberação da passagem de fármacos pela barreira hematoencefálica pode proporcionar os mesmos resultados terapêuticos, com doses menores de medicamentos, minimizando também os possíveis efeitos colaterais.

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4 – Terapias Não Farmacológicas no Tratamento da Dor Crônica

Uma abordagem não farmacológica, chamada de Melhoria da Recuperação Orientada por Mindfulness (em inglês: Mindfulness-Oriented Recovery Enhancement – MORE) foi apresentada no Encontro Científico Anual de 2017 da American Pain Society (APS), como intervenção inovadora para o tratamento da dor crônica.

A técnica integra os aspectos do mindfulness (atenção plena) com terapia cognitivo-comportamental (TCC) de terceira geração, e princípios de psicologia positiva.

Estas abordagens atuam em desconstruir respostas emocionais que possam perpetuar e piorar a dor crônica, e utilizam ferramentas de visualização para obter uma melhor perspectiva.

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5 – Amantadina Reduz Discinesia no Parkinson

Um estudo publicado no periódico JAMA Neurology demonstrou que as cápsulas de liberação prolongada de amantadina reduzem a discinesia induzida por levodopa nos pacientes com doença de Parkinson.

Esse fármaco atua como antagonista do receptor NMDA, com propriedades antiglutamatérgicas. Acredita-se também que induza efeitos anticolinérgicos, o que poderia ajudar no controle das discinesias.

As cápsulas de liberação prolongada são administradas ao deitar, para que sua concentração plasmática aumente lentamente durante o sono. Dessa forma, temos concentração máxima durante a manhã e manutenção dos níveis ao longo do dia.

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6 – Probióticos Ajudam no Tratamento de Alzheimer

Um estudo publicado no jornal on-line Frontiers in Aging Neuroscience apontou os efeitos da ingestão diária de probióticos sobre a função cognitiva e o estado metabólico na doença de Alzheimer.

Os biomarcadores aumentados de estresse oxidativo, neuroinflamação, resistência à insulina e metabolismo lipídico estão associados a muitas doenças neurodegenerativas, incluindo a doença de Alzheimer. E o aumento destes biomarcadores pode ser influenciado pela flora intestinal e pelos probióticos.

A hipótese dos pesquisadores é a existência de uma via de sinalização bioquímica entre o cérebro e o sistema digestivo. Assim, ao regular a microbiota intestinal (conhecida por desempenhar um papel pronunciado na transmissão sináptica), podemos alcançar uma melhora nos aspectos cognitivos.

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7 – Eficácia dos Antidepressivos no Tratamento da Depressão

Em 2010, um estudo da University of Pennsylvania sugeriu que, embora os pacientes com depressão grave possam se beneficiar do tratamento antidepressivo, haveria pouco ou nenhum benefício para aqueles com depressão de leve a moderada, em comparação com os resultados do placebo.

A hipótese sugeria que a superioridade dessa classe farmacológica em relação ao placebo em ensaios controlados é meramente uma consequência psicológica dos seus efeitos colaterais, que aumentam a expectativa de melhora, pois o paciente percebe que não está tomando placebo.

No entanto, uma pesquisa publicada no periódico Molecular Psychiatry ajudou a encerrar a controvérsia sobre a eficácia dos antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).

Os pesquisadores realizaram uma revisão de dados de mais de 3.300 pacientes, em ensaios clínicos de depressão maior em adultos, randomizados e controlados por placebo, buscando uma comparação da resposta terapêutica nos pacientes que apresentaram efeitos adversos e nos pacientes que não apresentaram estes efeitos.

Assim, foi possível avaliar em que medida a presença de eventos adversos constitui um pré-requisito indispensável para que os antidepressivos superem o placebo.

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8 – Terapia de Reprogramação Celular no Tratamento de Parkinson

Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, conduziram um estudo com o objetivo de manipular a expressão gênica de células não neuronais no cérebro, para produzir novos neurônios dopaminérgicos.

Esta descoberta pode abrir caminho para uma terapia que interrompa a progressão da doença de Parkinson, convertendo células gliais em novos neurônios dopaminérgicos, para substituir aqueles que foram perdidos ou danificados.

Os resultados sugerem que, ao invés de transplantar neurônios para os cérebros dos pacientes com Parkinson, pode ser melhor ativar certos genes em células cerebrais existentes, para transformá-las em neurônios dopaminérgicos.

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9 – Vitamina C Protege contra Transtornos Neurodegenerativos

Um estudo publicado no periódico Science Signaling demonstrou como a vitamina C é um componente importante para a homeostase cerebral, atuando principalmente sobre a micróglia, composta por células residentes no tecido cerebral com diversas funções no desenvolvimento, proteção e funcionamento do sistema nervoso.

A vitamina C atua em nosso organismo como um agente de oxidorredução, neutralizando os radicais livres no nível celular. Ela também é importante na biossíntese das catecolaminas (norepinefrina, epinefrina e dopamina) e na defesa do organismo contra infecções, além de ser fundamental na integridade das paredes dos vasos sanguíneos.

Saiba mais sobre a função da vitamina C no sistema nervoso.

10 – Sono Profundo e Progressão mais Lenta da Doença de Parkinson

Um estudo da Universidade de Zurique, na Suíça, apontou que o sono profundo torna a progressão da doença de Parkinson mais lenta, em comparação com aquelas pessoas que apresentam um sono mais leve.

Da mesma forma que as perturbações do ritmo circadiano podem ser fatores de risco para a doença de Parkinson, estamos encontrando cada vez mais evidências de que os distúrbios do sono também podem acelerar a neurodegeneração.

Estas descobertas indicam que o sono profundo pode influenciar a neurodegeneração, promovendo uma depuração de toxinas do cérebro. Assim, abordagens terapêuticas que promovam um aumento dos níveis de sono profundo podem ser possibilidades de tratamento para esta patologia.

Saiba Mais.

Estas foram as principais descobertas científicas que abordamos aqui no blog durante o ano de 2017. Continue nos acompanhando para ficar sabendo sobre as próximas novidades no campo da Neurologia, pois a Ciência não para.

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