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Insônia e apneia aumentam o risco de AVC

Neurologista - Dr. Willian Rezende do Carmo

Categorias: Apneia do Sono, AVC, Conteúdos, Insônia

Publicado: 21 de dezembro de 2016 | Atualizado: 18 de fevereiro de 2019

Há evidências crescentes de que os distúrbios do sono, como insônia e apneia do sono, estão relacionados ao risco de AVC e de recuperação do acidente vascular cerebral, de acordo com uma recente revisão da literatura. A pesquisa foi publicada on-line no Neurology ®,  jornal da Academia Americana de Neurologia.

Com base na revisão, os autores recomendam que as pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral ou um mini-acidente vascular cerebral, chamado de ataque isquêmico transitório, devem ser rastreados para distúrbios do sono.

“Embora os distúrbios do sono sejam comuns após um acidente vascular cerebral, poucos pacientes com AVC são rastreados nesse sentido. Os resultados da análise mostram que isso precisa mudar, pois as pessoas com distúrbios do sono são mais propensas a ter outro acidente vascular cerebral ou outros resultados negativos do que as pessoas sem problemas de sono”, afirma o neurologista, Willian Rezende do Carmo, CRM-SP 160.140.

Os distúrbios do sono geralmente encaixam-se em duas categorias: problemas respiratórios do sono e distúrbios de sono-vigília. Os problemas respiratórios do sono, como a apneia do sono, perturbam a respiração durante o sono. Os distúrbios de sono-vigília, como a insônia e a síndrome das pernas inquietas, afetam a quantidade de tempo do sono.

A revisão encontrou evidências ligando os problemas respiratórios do sono com o risco e a recuperação do acidente vascular cerebral. Os distúrbios de sono-vigília podem aumentar o risco de derrame e de recuperação dos danos.

Principais distúrbios do sono

A principal manifestação de um problema crônico de sono é a sonolência diurna exagerada. As primeiras manifestações dos distúrbios do sono são as alterações do humor e as alterações de memória e capacidades mentais (cognitivas), como aprendizado, raciocínio e pensamento. Para alguns, basta uma noite mal dormida para que a pessoa esteja mal no dia seguinte, principalmente menos tolerante, irritadiça, e com dificuldades de memória, podendo surgir também dor de cabeça. Um sintoma muito característico de distúrbio de sono é o ronco. O ronco ainda hoje é interpretado popularmente como sinal de que o indivíduo dorme bem, mas é justamente o contrário.

“Quem ronca está esforçando sua musculatura respiratória para além de seus limites, e está sobrecarregando o coração de trabalho. Ao longo do tempo, o indivíduo que ronca pode ficar hipertenso e/ou apresentar infarto do miocárdio ou derrame cerebral. Quem ronca pode ter apneia obstrutiva do sono, e outros indícios desta doença podem ser a obesidade, prejuízo de memória, dificuldade de raciocínio, diminuição da libido, disfunção erétil (impotência), pescoço grosso, circunferência abdominal elevada, boca pequena, queixo para traz, amígdalas grandes”, explica o neurologista.

O sono normal ou seus distúrbios estão associados ao bom ou mau funcionamento cerebral, respectivamente, e o neurologista conhece profundamente a anatomia, fisiologia, fisiopatologia e clínica do sistema nervoso. Outros especialistas que podem cuidar da insônia são os psiquiatras. A apneia do sono também pode ser cuidada por pneumologistas e otorrinolaringologistas com treinamento em distúrbios do sono. Os distúrbios de sono mais comuns são a insônia, a apneia obstrutiva do sono e a síndrome das pernas inquietas. São comuns também o sono insuficiente e o atraso de fase de sono.

A insônia está associada a múltiplos fatores que, muitas vezes, estão somados em um mesmo paciente. Algumas pessoas apresentam estruturalmente maior propensão à insônia e quando expostas a condições de estresse, doenças ou mudança de hábitos, desenvolvem episódios de insônia. Estes episódios de insônia podem se perpetuar, principalmente porque o paciente tende a associar suas dificuldades de dormir a uma série de comportamentos: esforço para dormir, permanência na cama só para descansar, elaboração de pensamentos e planejamentos na hora de dormir, atenção a suas preocupações, atenção a fenômenos do ambiente, como ruídos e pessoas que estão dormindo, havendo sempre uma hipervalorização destes fatos, o que realimenta a insônia.

A apneia obstrutiva do sono caracteriza-se pela obstrução da via aérea ao nível da garganta durante o sono, levando a uma parada da respiração, que dura em média 20 segundos. Após esta parada no fluxo de ar para os pulmões, o paciente acorda, emitindo um ronco muito ruidoso. A apneia obstrutiva do sono pode ocorrer várias vezes durante a noite, havendo pacientes que apresentam uma a cada um ou dois minutos. Durante a apneia, a oxigenação sanguínea pode cair a valores críticos, expondo o paciente a problemas cardíacos. A apneia obstrutiva do sono ocorre em cerca de 5% da população geral e em 30% dos indivíduos acima dos 50 anos de idade, sendo também mais comum em homens.

A síndrome das pernas inquietas é a mais comum das doenças do sono, da qual poucos ouviram falar. Afeta cerca de 7% da população e se caracteriza principalmente por uma sensação desagradável nas pernas, profunda, nos ossos, às vezes, como se fosse uma coceira ou friagem, choque, formigamento, e eventualmente dor. Estes sintomas são acompanhados de uma sensação de angústia e imensa necessidade de mover as pernas, ou ainda massageá-las, alongá-las ou mesmo espancá-las em algumas situações. Os sintomas ocorrem principalmente na hora de se deitar, mas podem ocorrer em qualquer momento em que o indivíduo fica parado (sentado ou deitado), seja para descansar ou qualquer outra atividade que não exija movimentos. Os sintomas da síndrome das pernas inquietas podem ser tão intensos que o paciente não consegue iniciar o sono.

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Apneia do Sono

A apneia do sono é uma condição caracterizada por pausas na respiração que duram alguns segundos, e que ocorrem diversas vezes durante o sono. Essa doença classifica-se como Apneia Obstrutiva do Sono ou Apneia Central do Sono. Suas causas e tratamentos podem variar, e o ronco é um importante sintoma. O diagnóstico é feito pela avaliação dos sintomas e do exame de Polissonografia.

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